Tieta e Perpétua entre o vermelho e o preto: um estudo sobre a representação feminina no romance Tieta do Agreste (1977) de Jorge Amado e sua adaptação para o formato de telenovela (Tieta, 1989)
Adaptação; Telenovela; Jorge Amado; Representação feminina; Indústria cultural
Esta pesquisa tem como objetivo estudar a adaptação do romance Tieta do Agreste (1977), escrito por Jorge Amado, para o formato de telenovela, sob o título de Tieta (1989-1990), escrita por Aguinaldo Silva, observando os diálogos e disparidades entre as obras e a construção das personagens Antonieta e Perpétua. Nosso referencial teórico para estudar a questão da adaptação parte de Hutcheon (2013), que analisa os modos de realização de uma adaptação a partir de suas motivações. A autora (Hutcheon, 2013) defende a descentralização do papel do adaptador e revela as motivações políticas e financeiras para que uma adaptação exista. Dialogando com Hutcheon (2013), destacamos a importância das teorias de Adorno (2020), Benjamin (2022) e Martín-Barbero (2003) por tratarem da indústria cultural, a máquina financeira e política que move a telenovela. Para estudar o romance Tieta do Agreste (1977), baseamo-nos em Bueno (2006) para tratar do Regionalismo brasileiro e do diálogo constante das obras de Jorge Amado com este movimento. Para analisar a telenovela, tomamos como referencial o estudo de Lopes, Borelli & Resende (2002), que tomam as mediações como uma forma de diálogo mútuo entre o produto e o público. De acordo com os dados obtidos, pudemos perceber que as frequentes adaptações das obras de Jorge Amado para o audiovisual se dão pela facilidade de adaptar a estrutura dos romances do autor, que se valem de microcosmos para ambientar as histórias. Além disso, constatamos a profunda relação entre a redemocratização do Brasil com a carnavalização do romance e liberdade criativa conferida à telenovela no processo adaptativo.