ZAMA E EL SILENCIERO DE ANTONIO DI BENEDETTO: MEMORIAS DA
AMERICA LATINA NEOBARROCA
Zama; El silenciero; Di Benedetto; Memória; Ficção; Neobarroco.
Zama [1956] e El silenciero [1964] são ficções elaboradas pelo autor argentino Antonio Di Benedetto, ambas descortinando indícios de memórias da América Latina, sob uma construção neobarroca da memória. Nessa perspectiva, o presente trabalho propõe analisar como o tema da memória é construído por meio dos percursos dos narradores- protagonistas de Zama [1956] e El silenciero [1964], frente às configurações e (re)configuração da comunidade imaginada que reverberam a identidade multifacetada da América Latina, valendo-se da estética do neobarroco latino-americano. Para tanto, recorremos a uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de compreender os imaginários fundadores da América Latina por meio da construção da comunidade imaginada sob as contribuições de Doris Sommer (2004), Benedict Anderson (1993), Burke (2000) e Beatriz Sarlo (2007); realizar uma discussão com base em Walter Benjamin (1929), Paul Ricouer (1997), Hayden White (1992) e Ángel Rama (1985), teóricos que refletem o tema da memória, este último a partir do cenário latino-americano e seus desdobramentos históricos e socioculturais; traçar aspectos estilísticos da construção neobarroca da memória através dos protagonistas narradores orientados por Calabrese (1999), Sarduy (2011), Haroldo de Campos (1955), Bolívar Echeverría (2000), Lezama Lima (2004) e Maria José Rossi (2022); compreender como as jornadas dos protagonistas narradores exibem um diário Di Benedettiano da liberação latino-americana através do estudo referencial de Enrique Dussel (2018) e Bolívar Echeverría (2000). Concluímos que, Zama e El silenciero correspondem a um diário paródico neobarroco da liberação Di Benedettiano, uma vez que, Antonio Di Benedetto descortina efeitos sob estética e ética neobarrocas através de possibilidades compreensões, sem didatismo e por meio da provocação do delírio.