Constuções ditrasitivas em cartas pessoais de pernambucanos do século XX: uma análise à luz da teoria da Linguística Funcional Centrada no Uso e das Tradições Discursivas
Construções ditransitivas, Linguística Funcional Centrada no Uso, Tradições Discursivas, Cartas.
Este projeto tem como objetivo analisar as construções ditransitivas e os padrões discursivos presentes em cartas pernambucanas de amor e de família do século XX. A abordagem teórica integra pressupostos e categorias analíticas que englobam traços, dimensões, esquematicidade, composicionalidade e produtividade das construções, com base na Linguística Funcional Centrada no Uso (Hopper, 1987; Croft, 2001; Goldberg, 2006; Hilpert, 2014; Bybee, 2016 [2010]; Traugott e Trousdale, 2021 [2016]) e nas Tradições Discursivas (Kabatek, 2006; Lopes, 2012; Longhin, 2014). A metodologia adotada consistirá em uma análise quantiqualitativa (Lacerda, 2016), que examinará as dimensões, os traços e as propriedades das construções ditransitivas, levando em consideração a macroestrutura das cartas (abertura, núcleo e despedida). Além disso, utilizaremos o programa computacional TraDisc para traçar o perfil das missivas investigadas. Nossa hipótese é que as construções ditransitivas utilizadas nas despedidas dessas cartas apresentam características não prototípicas, uma vez que os verbos empregados frequentemente pertencem à classe dos verbos dicendi, que podem ser interpretados metaforicamente como eventos de transferência cognitiva. Ademais, mesmo com os verbos de movimento, observa-se a repetição desse comportamento na despedida. Assim, diferentemente da ideia prototípica de uma transferência física de um objeto concreto, nessas construções a transferência ocorre no plano abstrato, relacionada ao compartilhamento de informações ou emoções, bem como esse processo pode levar a construção a sofrer redução em sua forma.