O REAL, O POLÍTICO, O LITERÁRIO: A VISÃO DE GRACILIANO RAMOS DO FAZER ARTÍSTICO
Graciliano Ramos; Projeto literário; crítica literária
Objetivamos realizar uma sistemática de parte da obra não ficcional de Graciliano Ramos, isto é, seus textos de crítica literária e cultural (reunidos nas obras póstumas Linhas Tortas e Garranchos), entrevistas (reunidas na obra póstuma Conversas) e cartas (reunidas nas obras póstumas Cartas e Cartas inéditas de Graciliano Ramos), com vistas à sistematização das ideias ali encontradas em um projeto literário. Nossa hipótese principal é: 1) todo romance possui análise social, por mais intimista que seja; 2) o romancista pertence à classe trabalhadora, pois toda criação literária necessita de trabalho; 3) é o trabalho com o material romanceável que permite a fuga aos discursos hegemônicos da cultura; 4) é preferível a escolha pela representação de indivíduos periféricos, porque, assim, encontram-se verdades mais abrangentes acerca do real. Depois de sistematizar tal visão, pretendemos analisar as obras ficcionais do autor, a fim de observar como tais perspectivas ganham forma (ou não) em seus escritos. A investigação se dará com base na fortuna crítica do escritor, nos textos sobre a década de 1930 e a crítica de rodapé, além de trabalhos sobre a relação entre literatura e realidade. Acreditamos que, ao sustentar tais posições em textos não ficcionais, Graciliano fugia às convenções artísticas seguidas por muitos escritores de seu período (e até defendidas pelo partido a que foi filiado, o PCB) e às dicotomias entre social/individual, particular/universal, que marcaram as discussões da década de 1930. Com isso, esperamos contribuir com a fortuna crítica a respeito do escritor e de sua obra, visto que realizamos investigação inédita.