Abreu e Lima, historiador: trajetória, redes de sociabilidade e ofício historiográfico na construção de uma cultura historiográfica brasileira, 1843-1855
José Ignacio de Abreu e Lima; Historiografia Brasileira; Brasil Império; Construção do Estado-Nacional Brasileiro; História Intelectual do Século XIX"
Entre a década de 1830 e a década de 1850, José Ignacio de Abreu e Lima manteve uma profícua produção bibliográfica. No Rio de Janeiro e no Recife ele escreveu pasquins autorais, colaborou com grandes jornais e publicou uma série de livros. Sua produtiva atividade autoral, contudo, já datava da década anterior, aquela em que esteve radicado na Colômbia de Simón Bolívar e onde Abreu e Lima criou sua imagem pública, para além daquela de militar, também como a de um homem de letras no país grã-colombiano. No Brasil, todavia, largou a farda para voltar-se à escrita da história, gênero que constitui a maior parte dos seus livros. Nesta pesquisa, analiso a construção intelectual e social de Abreu e Lima enquanto historiador no Brasil em meados do século XIX. Portanto, avalio como assumir a prática historiográfica neste recorte temporal brasileiro significou, dentre outras coisas, a aquisição de um atributo social de respeitabilidade que permitiu a Abreu e Lima construir-se historiador em um momento no qual a atividade, de pesquisa e escrita histórica, mobilizou uma série de outros pares que se empenhavam a um fim comum: o de criar e construir uma nação à única monarquia do continente americano. Estas escolhas me proporcionaram problematizar como um general com passado de redator polêmico na Colômbia e no Brasil se construiu como homem de letras dedicado à escrita historiadora, participante significativo da construção desta cultura historiográfica brasileira iniciada a partir do Segundo Reinado.