Cortesãos e Ascéticos depravados: Discursos sobre os eunucos em Eusébio de Cesareia e Procópio de Cesareia sob uma perspectiva Queer
Eunucos; História Eclesiástica, História Secreta, Bizâncio, Teoria Queer
Os eunucos eram proeminentes no universo bizantino tardo-antigo, circulando desde os espaços de corte aos ambientes eclesiásticos. Sua presença é diversificada, passando pelos espaços da aristocracia bizantina, pelas heranças culturais tardo romanas e até os espaços eclesiásticos dos primeiros cristianismos. Nesses contextos, os estereótipos atribuídos a esses sujeitos eram de moralmente depravados, participantes de maquinações e traições da aristocracia, deformados fisicamente e contrários à natureza. Eram símbolos de uma outridade inferiorizada em relação aos papeis hegemônicos de gênero. Nesse sentido, as perspectivas de gênero oriundas da Teoria Queer se tornam bem-vindas a investigar esses sujeitos que foram colocados, dentro do contexto bizantino tardo-antigo, em uma posição discursiva de não-normatividade. Neste trabalho, serão analisadas duas narrativas historiográficas produzidas no espaço do Império Bizantino durante a Antiguidade Tardia: Historia Ecclesiae de Eusébio de Cesareia (C. 326 E.C.) e Anedocta de Procópio de Cesareia (c. 550 E.C.) . O objetivo é investigar como esses estereótipos são construídos e em que medida eles indicam uma condição de queeriedade.