SETOR SUCROALCOOLEIRO, POLUIÇÃO FLUVIAL E INJUSTIÇA AMBIENTAL (PERNAMBUCO, DÉCADA DE 1980)
setor sucroalcooleiro; vinhoto; poluição fluvial; injustiça ambiental; pescadores.
O Proálcool foi um dos principais programas de investimentos federais ao longo da década de 1980, aumentando consideravelmente a produção nacional de álcool, o que garantiu uma injeção de investimentos e um boom produtivo ao setor sucroalcooleiro que conta com uma longeva história em Pernambuco. Porém, desse quadro também adveio o agravamento de um problema ambiental que já caracterizava o setor há décadas: a poluição fluvial com diversos efluentes industriais, em especial o vinhoto, subproduto da fabricação alcooleira. Essa poluição impactou a diversos seres humanos e não humanos: desde a morte da fauna ictiológica até os canavieiros que se serviam dos cursos hídricos das propriedades rurais açucareiras e, principalmente, os pescadores artesanais e marisqueiras que tinham o ambiente flúvio-marinho como fonte de sua reprodução social, configurando um violento quadro de injustiça ambiental. Além de evidenciar esses impactos ambientais, a presente pesquisa busca elucidar como se deram os conflitos ecológicos decorrentes dessa conjuntura e que envolveram pescadores, marisqueiras, canavieiros, empresariado do setor sucroalcooleiro e o Estado (na figura da CPRH, órgão ambiental estadual fiscalizador).