OS FIOS DO CONFLITO: OS TRABALHADORES DA COMPANHIA DE TECIDOS PAULISTA NA BUSCA POR DIREITOS (1962-1967)
operariado têxtil; Companhia de Tecidos Paulista; Juntas de Conciliação e Julgamento; ditadura militar; processos trabalhistas.
A seguinte pesquisa tem como objetivo analisar a atuação dos trabalhadores da Companhia de Tecidos Paulista na busca por direitos no contexto do golpe empresarial-militar de 1964. Inseridos em um complexo sistema de dominação de “fábrica com vila operária”, a classe trabalhadora de Paulista teve diversos aspectos de sua vida controlados pela Companhia, desde o acesso à moradia, emprego e alimentação, até o desenvolvimento de espaços de lazer e sociabilidade. Ao longo de seu fazer-se, a classe operária do Paulista desafiou o comando dos Lundgren – família proprietária da fábrica de tecidos, (e de) quase todo o território da cidade e outros empreendimentos - através da associatividade sindical e organização de movimentos de reivindicação de melhorias. No início dos anos 1960, os operários paulistenses participaram de importantes greves contra a CTP e a falta de aplicação dos direitos trabalhistas pela empresa. Após o golpe empresarial-militar, as reivindicações dos trabalhadores urbanos e camponeses foram bruscamente interrompidas pelos aparelhos de desmobilização, controle e repressão instalados. Dessa forma, essa pesquisa está inserida no campo da História Social do Trabalho, e tem como objetivo estudar as contradições entre classe trabalhadora e patronato no período da ditadura militar. Com o raio de ação limitado, a judicialização transformou-se em principal ferramenta para exigências de melhorias do proletariado. Por meio da análise quantitativa dos processos da J.C.J. de Paulista e de atas de assembleias do sindicato, examinaremos como se desenvolveu a atuação desses operários na justiça, e de que forma o contexto político e econômico do período modificou as relações de trabalho e abriu espaço para ações danosas da CTP contra seus empregados.