O PROGRESSO DO CONHECIMENTO:
FRANCIS BACON E O LUGAR DA RELIGIÃO EM SEU PROJETO DE REFORMA DO SABER (INGLATERRA, 1603-1610)
Francis Bacon; História da Ciência; The Advancement of Learning; Reforma Inglesa; Período Stuart.
A figura de Francis Bacon foi frequentemente marcada por suas relações com a ciência e, no que concerne a religião, as interpretações foram variadas: apontou-se o frequente uso bíblico como recurso retórico a fim de estabelecer influência nas elites intelectuais e políticas; e mesmo um posicionamento associado ao ateísmo. Apesar disso, poucas conclusões foram dadas a respeito das relações entre ciência e religião no seu pensamento. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo compreender, através da obra The Advancement of Learning, publicada em 1605, a organização teológica e o subsequente lugar da religião na classificação do conhecimento proposta pelo filósofo inglês. Nesse sentido, objetivamos identificar as discussões teológicas vigentes na Inglaterra no século XVII, visando analisar como as divergentes perspectivas concernentes a uma prática e vivência religiosa circulavam em um momento marcado pela transição de Dinastias e de agitação político-religiosa, bem como analisar quais concordâncias e discordâncias Bacon se associou, dentro de tais discussões, para a construção e concepção de suas propostas reformadoras. Compreende-se a tentativa do filósofo, e político, em apaziguar as divergências religiosas e as agitações sociais que ocorriam na Inglaterra, mas principalmente de estabelecer uma nova percepção para o conhecimento humano cujo papel da fé e da religião estava equilibrado com a ciência. A partir de um esquema teológico bem estabelecido, o estudo da natureza e o subsequente progresso do conhecimento redimia a raça humana do seu pecado original.