O PODER DE REGISTRAR. UM ESTUDO SOBRE OS ESCRIVÃES DE CÂMARAS MUNICIPAIS DA AMÉRICA PORTUGUESA (OLINDA, SÉC. XVII, E RECIFE, SÉC. XVIII).
Recife; Câmaras Municipais; escrivães; família Miranda de Almeida.
A partir de uma aproximação da escala de análise, este trabalho se concentra no estudo do grupo de escrivães da Câmara do Recife durante a primeira metade do século XVIII. Observamos que os escrivães de câmaras municipais desempenhavam funções fundamentais na administração, frequentemente assumindo poder significativo para decidir os rumos administrativos. Esses fatores questionam a sua categorização como oficiais “subalternos”. O contexto histórico desse período foi marcado pelas constantes disputas entre as elites terratenentes (de Olinda) e mercantis (do Recife), que influenciaram diretamente a ocupação e a sucessão do cargo de escrivão. Nesse sentido, foi possível traçar parte da trajetória da família Miranda de Almeida, que transitou entre os ofícios de escrivão das câmaras de Olinda, no século XVII, e do Recife, no século XVIII, além de suas principais estratégias de distinção social. Além disso, analisamos o grau de relação das trajetórias administrativas e militares dos cinco sujeitos que sucederam a Manoel de Miranda de Almeida no ofício da escrita da Câmara do Recife, entre 1721 e 1757. Identificamos que o posto de escrivão da câmara muitas vezes servia como um acesso para sólidas carreiras administrativas e, certamente, como um meio de inserção na nobreza local. Notou-se também que o sucesso nas carreiras administrativas estava relacionado à consolidação de trajetórias militares, demonstrando uma interdependência entre títulos, honras e concessões no sistema de mercês.