NARRADORAS DA RESISTÊNCIA: MULHERES, MEMÓRIAS E DITADURA NO NORDESTE DO BRASIL (1964-1985)
Memórias. Testemunho. Mulheres. Ditadura civil-militar. Prisão política.
Este trabalho analisa as memórias de mulheres militantes de esquerda como ação de resistência à política de apagamento e esquecimento estabelecida pós-ditadura civil-militar brasileira, entendendo que, ao se projetarem no espaço público, tais memórias desestabilizam os discursos hegemônicos e potencializam narrativas plurais sobre as experiências durante este período. Para tanto, ao historicizarmos os lugares designados aos testemunhos de mulheres, arguirmos sobre a passagem da memoria di cucina, conceito elaborado por Luiza Passerini (2011), para o que denominamos de memórias da ágora, ou seja, a passagem das narrativas de memórias tecidas no espaço privado para o testemunho produzido no espaço público enquanto ação política. Essas memórias, ao serem declaradas no espaço público, possibilitam o confronto, o debate, mostram as redes de relações nas quais estão inseridas, ajudam a compor, no entrelaçamento com outras fontes, os fios que alinhavam as vivências e experiências destas mulheres no exercício de militância política entre os anos de 1960-1980. Nesse sentido duas temáticas ganham centralidade nos relatos dessas mulheres: a militância política de esquerda e as experiências na prisão. Para tal construção consideramos como fontes os prontuários individuais elaborados na Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, Informes e dossiês do Serviço Nacional de Segurança – SNI, testemunhos e relatos escritos e orais. Por fim, o diálogo com as teorias feministas de autoras como Luísa Passerini, Danielle Tega, Leonor Arfuch, Susel O. da Rosa, Margareth Rago e Virginia Woolf, nos auxiliam no debate sobre memória e gênero.