A ARTE CONTEMPORÂNEA NOS LIMITES DA LINGUAGEM: UM DEBATE A PARTIR DE DANTO E WITTGENSTEIN
arte; mundo da arte; linguagem; significado.
Nos anos de 1950, o pensamento de Wittgenstein inspirou alguns pensadores a desenvolverem abordagens filosóficas com o objetivo de resolver problemas sobre a estética. Esses filósofos foram influenciados pelo pensamento das Investigações Filosóficas (1953), na qual a concepção de linguagem se estabelece de forma pragmática. Teóricos como Morris Weitz (1956) e William Kennick (1958), acreditavam que as teorias tradicionais falharam ao tentar determinar a essência da arte. Assim, eles adaptaram a noção de jogos de linguagem e semelhanças de família, do pensamento wittgensteiniano, para justificar uma concepção antiessencialista da arte. Para eles, as obras compartilham apenas propriedades contingentes e, por isso, a arte não pode ser definida em condições necessárias e suficientes. Para Arthur Danto (1964; 1981), no entanto, a natureza da arte poderia ser determinada em condições essencialistas, sem que o caráter contingencial das obras de arte fosse ignorado. Impactado pelas Brillo Boxes de Andy Warhol, e obras de arte de outros artistas, que emergiram nos anos de 1960, Danto desenvolve sua concepção teórica mostrando que, estas experimentações artísticas apresentavam novos problemas no campo da filosofia da arte. Tais problemas dizem respeito ao caráter de indiscernibilidade, onde não era mais possível estabelecer as diferenças entre um obra de arte e um mera coisa com propriedades idênticas. Em O mundo da arte (1964) Danto apresenta a base daquilo que constitui a sua definição de arte. Sua filosofia surge para tentar explicar de que modo os significados são incorporados como forma de determinar o estatuto de uma obra. Seu conceito de mundo da arte inaugura novos debates no campo da estética, dentre os quais, Danto disputa com George Dickie acerca da ideia de institucionalidade da arte. Na transfiguração do lugar-comum (1981), obra em que Danto amplia as ideias do texto de 1964, ele desenvolve diversas críticas ao pensamento de Wittgenstein, o qual foi adaptado por Weitz e Kennick para analisar problemas sobre a definição da arte. Em diversas passagens deste texto, Danto argumenta que a noção de semelhança, de família de Wittgenstein, não é adequada para explicar o problema da indiscernibilidade de algumas obras da arte contemporânea. No entanto, Danto se restringe a analisar apenas as propriedades sensíveis da arte, Ele ignora os aspectos wittgensteinianos de que, a noção de significado se estabelece na articulação de regras em contextos sociais. Considerando essas discussões, essa dissertação se propõe a investigar como a noção wittgensteiniana de significado pode possibilitar uma interpretação dos problemas da arte, independente de suas propriedades estéticas. A proposta em questão parte da compreensão de que o significado na linguagem se dá a partir das redes de conexões dos usos que fazemos das expressões linguísticas. Tais conexões, mediadas por uso de regras, nos permitem entender que o significado se estabelece no uso da linguagem em formas de vida. Assim, tomando o pensamento de Wittgenstein como referência, essa dissertação consiste em mostrar que a arte, assim como a linguagem, é dinâmica, e a sua compreensão depende das diversas atividades que desempenhamos nas formas de vida do mundo da arte.