TECNOLOGIAS DIGITAIS COMO PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE
Cosmotécnica; Tecnologias digitais; Subjetividade.
A tecnologia é um dos principais agentes de transformação da sociedade, promovendo mudanças em diversos âmbitos e moldando novas formas de conhecer, pensar e afetar. Por isso, ela ocupa um lugar central como tema filosófico e político na contemporaneidade. Nesse contexto, surge a seguinte questão: em meio às transformações tecnológicas e à imersão no mundo digital, podem as tecnologias digitais produzir subjetividades? Segundo Deleuze e Guattari, a subjetividade é produzida coletivamente a partir das conexões estabelecidas entre indivíduos, o meio social e instituições como família, escola e religião. Diante disso, este trabalho busca analisar como as tecnologias digitais, tal como são desenvolvidas atualmente, contribuem para a produção de subjetividade e desejos. Para abordar essa questão, recorremos à teoria crítica da tecnologia, que reconhece que a tecnologia não é um instrumento neutro, mas carregada de valores, sobretudo políticos e econômicos. Nesse sentido, argumentamos que existe um paradoxo nas tecnologias digitais: o que tinha a promessa de ser um meio de democratização e pluralização também padroniza, instrumentaliza e homogeneiza desejos e subjetividades. Apesar disso, há espaço para imaginar futuros alternativos e novas formas de tecnologia, que não sejam pautadas pela hegemonia tecnológica ocidental. Defendemos, portanto, a possibilidade de desenvolver tecnologias no plural — que produzam subjetividades e modos de existência polifônicos e que considerem seus contextos e necessidades de forma não universal. Isto requer a criação de um novo paradigma estético e tecnológico e a exploração de novas cosmotécnicas.