Territorios de resistencia: atuacao dos movimentos populares na pandemia na Regiao Metropolitana do Recife
Movimentos populares; Ação coletiva; Pandemia; Periferias; Frames; Solidariedade.
Esta tese investiga a atuação de três coletivos populares periféricos — Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste, Coletivo Força Tururu e Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças (GCASC) — durante a pandemia de COVID-19 na Região Metropolitana do Recife. Em um contexto de necropolítica, erosão democrática e abandono estatal, esses coletivos protagonizaram ações de solidariedade e resistência que articularam cuidado, soberania alimentar, comunicação popular, memória e direito à cidade. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e situada, com base em entrevistas, observações e análise de conteúdo, orientada pela teoria dos movimentos sociais contemporâneos, especialmente pelos conceitos de repertórios de ação (Tilly) e enquadramentos interpretativos (frames) (Snow e Benford). A análise evidencia como os coletivos construíram frames diagnósticos, prognósticos e motivacionais para dar sentido à crise, mobilizar redes de apoio e fortalecer a identidade coletiva em territórios historicamente vulnerabilizados. As experiências analisadas revelam não apenas respostas emergenciais à fome e à pandemia, mas também formas inovadoras de organização política, ativismo digital, ancestralidade e produção de vida nas margens urbanas. Ao recentrar a análise em experiências periféricas nordestinas, a tese contribui para renovar os debates sobre movimentos sociais no Brasil e amplia o olhar sobre práticas de resistência e reinvenção política no Sul Global.