Efeitos das marés internas na clorofila e na produtividade na região oceânica ao
largo do rio Amazonas
Ondas Internas; marés internas, Plataforma e Região Oceânica Amazônica
As marés internas desempenham um papel crucial na mistura vertical e no transporte de
nutrientes em oceanos estratificados. No entanto, seu impacto nas dinâmicas
biogeoquímicas, particularmente no fitoplâncton, ainda é pouco compreendido. Este
estudo examina como as marés internas influenciam a distribuição vertical da clorofila e
a produtividade primária em uma região oligotrófica ao largo da plataforma continental
do Amazonas, com foco em áreas com atividades de maré contrastantes. Durante a
campanha AMAZOMIX (setembro–outubro de 2021), perfis verticais de alta resolução
de clorofila e propriedades físicas foram coletados usando um glider equipado com
sensores CTD e bio-ópticos, complementados por observações de satélite para capturar
as dinâmicas de mesoescala. Quatro períodos hidrográficos foram identificados com
base nas características de temperatura/salinidade e no contexto de mesoescala. Os
padrões de distribuição de clorofila foram influenciados principalmente por processos
de mesoescala, com um anel anticiclônico da Corrente Norte do Brasil (AE1),
caracterizado por alta Altimetria Dinâmica Absoluta (ADT), dominando a região e
exibindo concentrações de clorofila superficial significativamente mais baixas em
comparação com áreas circundantes. Os dados do glider revelaram oscilações isopicnais
dentro da picnoclina, induzidas por marés internas semidiurnas, com amplitudes
variando de 10 a 50 metros, particularmente pronunciadas durante marés vivas. A
análise espectral confirmou a predominância de oscilações na frequência M2,
permitindo a distinção entre regimes de baixa e alta intensidade de marés internas. Os
perfis de clorofila apresentaram um Máximo de Clorofila em Profundidade (DCM)
distinto a profundidades de 85 a 115 metros, com concentrações de clorofila superficial
e profunda abaixo de 0,2 mg/m3. Durante períodos de maior intensidade de marés
internas, observou-se uma redução de 16,7% nas concentrações máximas de clorofila e
um alargamento de 50,7% do DCM. Embora a profundidade do DCM tenha
permanecido estável, o conteúdo total de clorofila aumentou em 32% entre os regimes
de marés internas de alta e baixa intensidade, devido à redistribuição e mistura
induzidas pelas marés internas. Fluxos diápicnos destacaram uma redistribuição
significativa de clorofila da camada isopicnal do DCM para camadas superficiais e mais
profundas. A clorofila superficial aumentou até 312%, enquanto as camadas profundas
foram enriquecidas até 109%. Esses resultados destacam o papel essencial da mistura
induzida por marés internas na reconfiguração da distribuição vertical de clorofila, com
implicações para a produção primária, o ciclo de nutrientes e o sequestro de carbono.