EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA SEVERIDADE DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO, NA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E NO DESLOCAMENTO DO FLUIDO ROSTRAL EM ADULTOS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO
Exercício físico; Despertares; Distúrbios respiratórios do sono; Treinamento resistido
INTRODUÇÃO: A apneia obstrutiva do sono (AOS) é altamente prevalente e está associada a comorbidades, como hipertensão e doenças cardiovasculares. Embora a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) seja o tratamento padrão, desafios relacionados à adesão evidenciam a necessidade de estratégias alternativas. O exercício físico tem demonstrado efeitos positivos, mas o impacto isolado do treinamento de força (TF) sobre a AOS e os mecanismos relacionados ainda permanece pouco claro. OBJETIVO: Avaliar o impacto de oito semanas de TF na severidade da AOS e em possíveis mecanismos associados, como o deslocamento rostral de fluidos e a força muscular respiratória. MÉTODOS: Ensaio clínico randomizado envolvendo 25 adultos com AOS moderada a grave [masculino: 52%; idade: 55,4 ± 8,3 anos; IMC: 36,3 ± 7,3 kg/m²; índice de apneia-hipopneia (IAH): 50,5 ± 25,5 eventos/hora], alocados em grupo de treinamento de força (TF; 3 sessões semanais por 8 semanas) ou grupo controle (GC; exercícios de alongamento). Foram realizadas polissonografia noturna, avaliação da força muscular respiratória e avaliação do deslocamento rostral de fluidos antes e após a intervenção. Interações grupo × tempo foram analisadas por meio de equações de estimativas generalizadas. RESULTADOS: Foram observadas interações entre grupo e tempo para IAH (TF: Δ -21,0 ± 6,1 vs. GC: -3,5 ± 3,8; p = 0,015), despertares (TF: Δ -7,9 ± 4,8 vs. GC: 7,4 ± 5,1; p = 0,028) e IAH-NREM (TF: Δ -20,5 ± 6,2 vs. GC: -3,9 ± 3,9; p = 0,022). Nenhuma alteração significativa foi observada no deslocamento rostral de fluidos, pressão inspiratória máxima ou pressão expiratória máxima. CONCLUSÃO: Um programa de treinamento de força de oito semanas reduz a gravidade da AOS (IAH, IAH-NREM) e o número de microdespertares, podendo, portanto, ser considerado uma intervenção eficaz, apesar de não terem sido observadas melhorias na força muscular respiratória ou no deslocamento rostral de fluidos. Estudos com amostras maiores são necessários para confirmar esses achados e definir protocolos de implementação.