As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um desafio crescente para a saúde pública, com fatores de risco frequentemente estabelecidos na adolescência. A Educação Física (EF) escolar surge como um espaço estratégico para a implementação de ações de Educação em Saúde (ES), visando à prevenção primária. Objetivo: Esta revisão integrativa teve como objetivo analisar e sintetizar as evidências científicas sobre como a integração de ações de ES no contexto da EF escolar contribui para a prevenção de DCNT em crianças e adolescentes. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com buscas conduzidas em bases de dados relevantes (PubMed, Scopus, Scielo e Lilacs). O processo de seleção dos 18 artigos incluídos foi realizado por pares. A análise dos estudos foi feita com base na metodologia de análise de conteúdo de Bardin, a partir de categorias temáticas. Resultados: Os achados demonstram que intervenções multicomponentes, que integram EF com educação nutricional, redução do comportamento sedentário e desenvolvimento de habilidades psicossociais, são as mais promissoras na promoção da saúde e na redução de fatores de risco para DCNT. A qualidade pedagógica, a formação de professores e a criação de um ambiente de apoio à autonomia mostraram-se mais impactantes do que o mero aumento da carga horária das aulas. Fatores como a motivação e o suporte interpessoal (especialmente dos pares) emergiram como mediadores cruciais para a adesão a comportamentos saudáveis. A análise revelou evidências robustas dos benefícios das intervenções nos domínios físico (aumento da atividade física, melhora do IMC) e cognitivo (melhora do desempenho acadêmico), com efeitos positivos, embora menos consistentes, nos domínios afetivo e social. Conclusão: A integração da Educação em Saúde no componente curricular da Educação Física escolar constitui uma estratégia potente para a prevenção de DCNT. O sucesso dessas ações, contudo, depende de uma abordagem holística e crítica, que transcenda a prática motora e incorpore estratégias pedagógicas de qualidade, o envolvimento da comunidade escolar e o fortalecimento de fatores psicossociais. Tal abordagem, inspirada em uma perspectiva freiriana, capacita os jovens para a autonomia e o cuidado integral com a saúde, contrapondo-se a um modelo de educação performática e meramente conteudista.