AVALIACAO IN SILICO E IN VITRO DO POTENCIAL ANTI-Trypanosoma cruzi E IMUNOMODULADOR DE NOVOS DERIVADOS FTALIMIDAS
doença de Chagas; Trypanosoma cruzi; desenvolvimento de drogas; in silico; in vitro
A doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi, é uma infecção tropical negligenciada que causa
cardiomiopatia e alterações graves no trato gastrointestinal. O tratamento atual é realizado com benzonidazol e
nifurtimox, que apresentam eficácia limitada na fase crônica da doença, prejudicando a adesão do paciente ao
tratamento, havendo necessidade de terapias mais eficazes e seguras. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar
o potencial antiparasitário contra T. cruzi e imunomodulador de uma nova série de derivados ftalimídicos, por
ferramentas in silico e ensaios in vitro. Avaliados por plataformas online (SwissADME, ProTox 3.0, SEA),
foram preditas as propriedades físico-químicas e farmacocinética, toxicidade e afinidade dos ligantes em relação
a alvos biológicos, englobando o docking molecular. De modo geral, a série de compostos apresentou maior
afinidade com o alvo 14-α-desmetilase (CYP-51) do parasita, e Toll-like Receptor 2 (TLR2), do hospedeiro. O
ligante 7 apresentou melhor afinidade predita para o alvo cruzaína (-7,6kcal/mol), sendo que 9 e 13 tiveram score
aproximado (-7,1kcal/mol). O ligante 10 obteve melhor score para os demais alvos do parasita (14-α-
desmetilase, esqualeno sintase, tripanotiona redutase). Em relação à afinidade com os alvos imunológicos do
hospedeiro, destacaram-se os ligantes 5 (em relação a IL6R), 6 (em relação a IL4R e TLR4), 7 (IL17Ra) e 10
(para IL2R, IL10R, IFNGR, TNFR e TL2R). Pelo modelo in vitro foram avaliadas a atividade citotóxica dos
compostos em diferentes linhagens de células (RAW 264.7, J774, L929 e HepG2); e a atividade antiparasitária,
em diferentes cepas de T. cruzi (Tulahuen, Y e Colombiana). O modelo in vitro também permitiu avaliar a
atividade imunomoduladora dos compostos pela indução da produção de óxido nítrico por macrófagos RAW
264.7, e doseamento de citocinas, por citometria de fluxo. A série de compostos apresentou citotoxicidade
moderada para as todas as linhagens de células, não sendo citotóxica para HepG2. No tocante à atividade
antiparasitária, os compostos mais ativos contra amastigotas da cepa Tulahuen foram o 7 (IC50=69,3μM) e o 13
(IC50=73,62μM), porém o composto 6 apresentou a maior seletividade (IS=1,43). Contra tripomastigotas da cepa
Y, destacaram-se os compostos 7 (LC50= 59,58μM) e 9 (LC50= 47,50μM, e, em relação a Colombiana, o
composto 9 (LC50= 47,90μM). Houve indução de ON pelos compostos 6 (0,5μM), 7 (1,37μM) e 13 (0,3μM),
sendo que 7 apresentou relação dose-dependente. Na dosagem de citocinas, os compostos 6, 7 e 13 induziram a
produção de TNF, com destaque para o composto 7 (4281pg/mL em 48h). Pelo conjunto dos dados, os
compostos 6, 7, 9 e 13 apresentam potencial de atividade antiparasitária e imunomoduladora.