ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE GALECTINAS NO ADENOCARCINOMA DUCTAL PANCREÁTICO: POTENCIAL BIOMARCADOR DE DESFECHO CLÍNICO
neoplasia pancreática, PDAC, Galectina 2
O adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) é caracterizado por seu comportamento agressivo, prognóstico reservado e resistência à quimioterapia, sendo um dos tumores com maior taxa de mortalidade no mundo. O microambiente do PDAC corresponde a 90% da massa tumoral e é formado por células imunes, células nervosas, fibroblastos, mastócitos, proteínas solúveis e uma matriz extracelular abundante. Neste microambiente, as galectinas (GAL) desempenham importantes funções para a progressão tumoral, dentre as quais estão a ativação dos fibroblastos associados ao tumor, a produção das citocinas inflamatórias, a evasão à resposta imunológica, a promoção da transição epitélio-mesênquima e a metástase. Diante das repercussões do diagnóstico tardio sobre o prognóstico, a terapêutica e a taxa de sobrevida global dos pacientes acometidos pelo PDAC, o presente estudo investigou a expressão dos transcritos LGALS1, LGALS2, LGALS3, LGALS4 e LGALS9 no PDAC e no microambiente tumoral a fim de verificar a potencial utilidade como biomarcador desfecho clínico. Para tal, o perfil transcriptômico dos LGALS1, LGALS2, LGALS3, LGALS4 e LGALS9 foi investigado in sílico em coortes de indivíduos diagnosticados com PDAC, considerando regiões do tumor primário, diferentes sítios metastáticos e, em subpopulações de células imunes e nervosas que compõem o microambiente tumoral. O perfil transcriptômico destas galectinas também foi avaliado segundo o desfecho clínico das coortes selecionadas. Análises do banco de microdissecção a laser e RT-qPCR foram utilizadas para avaliar a expressão destas galectinas no tumor e no estroma de biópsias do PDAC. Realizamos também a análise in sílico do perfil de metilação da região dos genes de LGALS1, LGALS2, LGALS3, LGALS4. Os resultados revelaram a maior expressão dos transcritos LGALS1 (p= 4.50E-21), LGALS3 (p=6.29E-27), LGALS4 (p= 3.25E-13) e LGALS9 (p= 4.13E-08) em tumores primários em comparação aos controles saudáveis .O perfil de expressão em sítios metastáticos indicam que, em comparação com o tumor primário, as metástases hepáticas mostraram níveis significativamente aumentados de expressão de LGALS1 (p=6.84E-06).O transcrito LGALS9 demonstrou redução significativa nos níveis de expressão tanto na metástase como em comparação com o tumor primário (p=6.79E-09) quanto na metástase hepática em comparação com o tumor primário (p=8.75E-05). A análise do bando de microdissecção a laser de biópsias de PDAC revelou maior expressão de LGALS1 no estroma e, a maior expressão de LGALS3 e LGALS4 nas células tumorais. Dados de RNA-seq revelaram a alta expressão de LGALS1 em diversas células imunes e miofibroblastos, enquanto LGALS3 apresentou alta expressão em células B, macrófagos M1, M0 e células T reguladoras. LGALS1 foi mais expresso em células ductais e mesenquimais, LGALS3 em células acinares, ductais e mesenquimais, e LGALS4 predominantemente nas células ductais. A menor expressão de LGALS4 e LGALS9 foi associada a uma maior sobrevida livre de doença (p=9.81E-04). A menor expressão de LGALS4 foi significativamente associada a uma maior sobrevida global (p=2.67E-03). O transcrito LGALS2 apresentou redução significativa da expressão no tumor primário (p= 8.76E-22) e na metástase em relação ao tumor primário (p= 2.75E-30). No modelo murino de progressão tumoral, houve redução progressiva da expressão de LGALS2 ao longo do tempo, evidenciando sua diminuição com o avanço da doença. O transcrito LGALS2 apresentou maior expressão no tumor em comparação com o estroma tumoral no PDAC. Análises de RNA-seq revelaram alta expressão em células dendríticas e células T CD4 no microambiente tumoral, além de expressão em células alpha, acinar e ductal no pâncreas. Em resumo, os perfis de expressão e metilação de LGALS1, LGALS2, LGALS3, LGALS4 e LGALS9 variam em diferentes estágios do PDAC e em diversos sítios metastáticos, sugerindo seu potencial utilidade como biomarcadores prognósticos e potenciais alvos terapêuticos. A redução da expressão de LGALS2 ao longo da progressão tumoral, tanto em pacientes quanto em modelos murinos, sugerindo sua importância na patogênese do PDAC.