AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE INSETICIDA DE EXTRATOS SALINO E HIDROETANÓLICO DE FOLHAS DE PORTULACA ELATIOR MART. EX ROHRB
Aedes aegypti; α-amilase; Portulaca elatior; Metabólitos secundários.
As plantas representam uma importante fonte de moléculas bioativas, especialmente devido à presença de metabólitos secundários e proteínas com propriedades antimicrobianas, antifúngicas, antiparasitárias e inseticidas. Aedes aegypti é o principal vetor de algumas doenças tropicais, como dengue, zika e chikungunya. O uso contínuo de inseticidas sintéticos tem resultado no aumento da resistência nas populações do mosquito e impactos ambientais, estimulando a busca por alternativas naturais. Portulaca elatior, espécie nativa da Caatinga, tem se mostrado uma fonte promissora de moléculas bioativas, tais como lectinas, flavonoides, taninos, terpenos, etc. O objetivo do trabalho foi avaliar a atividade inseticida do extrato salino e hidroetanólico das folhas de Portulaca elatior. As folhas desidratadas, pulverizadas e submetidas à extração em NaCl 0,15 M, para a obtenção do extrato salino, depois foi feita uma dosagem de proteínas por Lowry. Para obtenção do extrato hidroetanólico O pó seco obtido foi utilizado para a preparação do extrato hidroetanólico (EPe) na proporção de 10% (p/v) em etanol: água (50% v/v). O EHPel foi seco em um Mini Spray Dryer LM MSD 1.0. Larvas de terceiro ínstar foram expostas a diferentes concentrações do extrato salino e hidroetanólico (12,5–100% v/v) (0,5-5 mg/ml) observados em 1, 24 e 48 horas, respectivamente. As mortalidades foram analisadas estatisticamente para determinação das concentrações letais necessárias para matar 50% das larvas (CL50). Foram realizadas análises histológicas do intestino médio e ensaios in vitro da atividade dasenzimas digestivas tripsina e α-amilase do extrato salino. O extrato apresentou efeito larvicida com CL₅₀ de 43,75 mg de proteínas (24 h) e 29,25 mg de proteínas (48 h), correspondendo a 2,18 mg/mL e 1,46 mg/mL, respectivamente.Observou-se uma atividade inibitória de tripsina e uma inibição da α-amilase, indicando interferência na digestão larval. As análises histológicas revelaram deformação celular, vacuolização citoplasmática e presença de material celular no lúmen intestinal, confirmando danos teciduais compatíveis com o efeito inseticida. O extrato hidroetanólico das folhas de Portulaca elatior (EHPel) revelou a presença de 29 compostos distribuídos em cinco classes principais, sendo os terpenóides predominantes, seguidos por aminoácidos e peptídeos e alcalóides. EHPel contém compostos fenólicos em sua composição. EHPel apresentou 71,46 ± 0,02 e 11,41 ± 0,01 (mgEAG/g extrato) de fenóis totais e flavonoides, respectivamente. Os ensaios antioxidantes para ABTS (264,6 ± 0,37 µg/mL), CAT (390 ± 0,54) e o DPPH (557,5 ± 0,08) revelaram ação antioxidante de EHPel. A análise térmica revelou estabilidade até aproximadamente 200 °C, com quatro eventos de degradação entre 123–428 °C. O EHPel apresentou atividade larvicida significativa contra Aedes aegypti, com valores de CL₅₀ decrescentes ao longo do tempo: 2,74 mg/mL (1 h), 1,39 mg/mL (24 h) e 0,84 mg/mL (48 h). Os testes enzimáticos demonstraram inibição marcante da tripsina e da α-amilase, além de modulação da AChE, indicando múltiplos mecanismos de ação. Esses achados reforçam o potencial biotecnológico de P. elatior como fonte de compostos bioativos e agente larvicida natural. Os extratos salino e hidroetanólico das folhas de Portulaca elatior demonstraram potencial inseticida contra Aedes aegypti, possivelmente associado à inibição da α-amilase e aos danos histológicos no intestino médio, evidenciando seu potencial como fonte natural de compostos bioativos para o controle do vetor.