AVALIACAO DA TOXICIDADE E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE PLANTAS MEDICINAIS AROMATICAS UTILIZADAS PELO POVO XUKURU DO ORORUBA
Medicina indígena. Óleos voláteis. Testes de Toxicidade. Anti-Infecciosos.
A medicina indígena do povo Xukuru do Ororubá é marcada pela ampla utilização de espécies vegetais nativas, incluindo plantas aromáticas empregadas tradicionalmente no tratamento de distúrbios do trato gastrointestinal. Dentre essas, destacam-se Croton argyrophyllus, Plinia peruviana, Myrciaria floribunda e Eugenia uniflora. O presente estudo teve como objetivo avaliar a composição química, a atividade antimicrobiana e a toxicidade dos óleos essenciais extraídos das folhas dessas espécies. A extração foi realizada por hidrodestilação e a caracterização química por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas e detector de ionização de chama (GC-MS/FID). A atividade antimicrobiana foi avaliada pelo método de microdiluição frente a cepas de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Candida albicans. A toxicidade aguda foi analisada em modelos alternativos utilizando o nematoide Caenorhabditis elegans e larvas de Galleria mellonella. Foram avaliados parâmetros de mortalidade, bem como melanização e contagem total de hemócitos nas larvas de G. mellonella. Os óleos apresentaram baixa atividade antimicrobiana para as cepas testadas, com leve toxicidade dose-dependente, exceto o óleo de E. uniflora, que matou as larvas de G. mellonella na concentração de 5000 mg/kg em menos de 24h. Este óleo também promoveu alterações significativas na melanização e na contagem de hemócitos, sugerindo efeito imunotóxico na menor dose. Por outro lado, os óleos de C. argyrophyllus, P. peruviana e M. floribunda apresentaram perfil de segurança favorável, sem toxicidade relevante nas concentrações avaliadas. Os resultados indicam que, embora a ação antimicrobiana tenha sido limitada, o uso tradicional dessas espécies pode ser considerado seguro, com exceçãodo óleo de E. uniflora, o qual necessita de estudos mais aprofundados. Este estudo contribui com dados inéditos sobre a toxicidade dessas plantas em modelos alternativos, valorizando o conhecimento indígena e alinhando-se aos princípios dos 3Rs na experimentação científica.