DETECÇÃO DE MARCADORES BIOLÓGICOS DA ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA ASSISTIDA POR FERRAMENTAS FOTÔNICAS
anti-CCA; fluorescência; modelo experimental; nanopartícula; fluorescência
A esquistossomose é uma doença tropical negligenciada, considerada um problema crítico de saúde pública. Dessa maneira, é relevante desenvolver ferramentas que possam auxiliar em uma melhor compreensão dessa parasitose, colaborando para diagnósticos mais aprimorados e sua erradicação a nível global. Nesse sentido, esse projeto tem como objetivo avaliar o perfil de carboidratos, colágeno e do antígeno catódico circulante (CCA) em tecidos de modelo experimental de esquistossomose, em diferentes estágios da doença, usando ferramentas fotônicas. Dentre essas ferramentas estão os pontos quânticos (PQs) e a microscopia por geração de segundo harmônico (SHG). Os PQs são nanopartículas (NPs) que apresentam propriedades ópticas e físico-químicas únicas, como fluorescência altamente estável e superfície ativa para conjugação. A microscopia SHG apresenta potencial para o estudo de perfis de deposição de colágeno. Assim, nesta qualificação, apresenta-se os resultados obtidos até o momento, incluindo: (i) uma revisão bibliográfica sobre biomarcadores e métodos de diagnóstico da esquistossomose (publicado na revista Talanta); (ii) o estudo do perfil de deposição do CCA em tecidos de fígado e rim de camundongos infectados com esquistossomose mansônica, em diferentes estágios da infecção, usando PQs (publicado na revista Micron) e (iii) resultados iniciais do estudo do perfil de deposição de colágenos, nesses mesmos tecidos, por microscopia SHG. Para o estudo de deposição do CCA, os PQs foram conjugados covalentemente ao anticorpo anti-CCA, sendo a conjugação caracterizada e confirmada por ensaio fluorescente em microplaca (EFM), potencial zeta (ζ) e pela incubação de tecidos controles (não-infectados) com o conjugado. A microscopia de fluorescência mostrou que não houve marcação nos tecidos não- infectados após incubação com o PQs-anti-CCA, indicando a especificidade do conjugado. No entanto, análises quantitativas comparativas da marcação dos tecidos de fígado e rim indicaram que a deposição de CCA aumentou na seguinte ordem: 30 < 60 = 120 dias (os períodos de 30, 60 e 120 dias após a infecção correspondem aproximadamente aos estágios pré-patente, aguda e início da fase crônica da doença). Ademais, não foi observado sinal de SHG nos tecidos hepáticos não-infectados, bem como em todos os tecidos renais (infectados e não-infectados), uma vez que não é comum ocorrer a formação do granuloma e deposição de fibras colágenas, especialmente tipo I, em tecidos renais infectados. Já nos tecidos hepáticos infectados, observou-se um baixo sinal de SHG (em 30 dias) devido à baixa deposição de colágeno. No entanto, para 60 e 120 dias após a infecção, o sinal de SHG aumentou significativamente, especialmente para 120 dias, devido à presença de numerosas fibras colágenas, mais espessas e melhor ordenadas. Observou-se que a nanossonda PQs- anti-CCA exibiu potencial para investigar o perfil de marcação de CCA em um modelo experimental de esquistossomose. Já os resultados preliminares da microscopia SHG indicaram sensibilidade para analisar o perfil de deposição de fibras colágenas nos diferentes estágios da infecção por S. mansoni. Acreditamos que este trabalho abre possibilidades para desenvolver novas ferramentas diagnósticas e terapêuticas para a esquistossomose, uma doença parasitária negligenciada que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.