Avaliação do perfil químico e compostos bioativos do óleo fixo de Syagrus coronata (Mart.) Becc
Syagrus coronata; Óleo fixo; Perfil químico; Ácidos graxos; Ácido láurico; Descoberta de fármacos; Ação anticâncer
A palmeira da Caatinga, Syagrus coronata, conhecida popularmente como Licuri, possui grande importância social, econômica e ecológica para as comunidades no Semiárido Brasileiro, principalmente devido a sua aplicação cosmética e alimentícia. O óleo de Licuri também é usado na medicina popular, ainda de forma empírica, no tratamento de diferentes enfermidades. Dessa forma, pesquisas que ampliam os conhecimentos sobre o potencial farmacêutico do óleo de Licuri, e que atrelem o conhecimento popular ao científico, são extremamente importantes. Ácidos graxos extraídos de palmeiras da família Arecaceae, como o Licuri, têm demonstrado uma variedade de atividades biológicas. Dentre esses compostos, o ácido láurico (AL), representa cerca de 40% da composição química do óleo de Licuri. É um aliado valioso na indústria cosmética e vem sendo apontado como responsável por parte das atividades biológicas relatadas para o óleo fixo de Licuri. Nesse sentido, esse estudo se propõe a avaliar o perfil químico e identificar os compostos bioativos presentes no óleo fixo de S. coronata e de outras palmeiras da família Arecaceae. Esta abordagem visiona embasar métodos para o controle de qualidade e previsibilidade de produção do óleo de Licuri por cooperativas locais, além de explorar o potencial do óleo das palmeiras brasileiras, e de seus componentes químicos, também para aplicações farmacêuticas. Para isto, foram realizadas coletas do Licuri e de outros frutos de palmeiras do Brasil, em diferentes biomas. Para o Licuri foram ainda realizadas coletas em nove localidades distintas. As amêndoas de cada espécie, ou oriundas das nove localidades de coleta do Licuri, foram prensadas a frio, obtendo-se os óleos fixos. O perfil de ácidos graxos nestes óleos foi inicialmente avaliado por cromatografia gasosa acoplada à detecção em chama de ionização (GC-FID). Esta etapa da pesquisa visou identificar as variações na composição química do óleo de Licuri, e entender quais fatores podem estar relacionados a isso. Além disso, foi realizada uma análise comparativa do perfil de ácidos graxos e o teor de LA presente nas amostras. Os resultados indicaram uma distribuição semelhante de ácidos graxos livres entre os diferentes óleos de Licuri analisados (OFSc A, B, C e OFSc loc1 a loc9). Em relação ao teor de AL, as amostras padrão (OFSc A, B e C), apresentaram uma média de 400 mg/ml, com uma variação inferior a 3%. Já, as amostras coletadas nas nove diferentes localidades (OFsc loc1 a loc9), evidenciaram uma média de 420 mg/ml, com uma variação de 22% a 40% entre elas. A comparação entre S. coronata e outras quatro espécies de palmeiras do Brasil (Syagrus schizophyla, Syagrus werdermanii, Attalea speciosa e Butia catarinensis), revelou variações, tanto na distribuição dos ácidos graxos, quanto no teor de AL. Baseado em estudos recentes, que evidenciam o potencial biológico de S. coronata e a bioatividade do AL, investigou-se a atividade biológica do óleo de Licuri e suas frações, frente a ensaios anticâncer. Os resultados mostraram atividades seletivas significativas para frações de média e alta complexidade. Em razão destes resultados, seguimos com o isolamento e caracterização química e biológica dos compostos bioativos presentes no óleo de Licuri, visando avaliar o potencial de aplicação destes no desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos.