Biodiversidade de pulgas no período epidêmico e pós-epidêmico em áreas focais de transmissão da peste no estado de Pernambuco, Brasil (1966-2008)
Siphonaptera; Zoonoses; Doenças de Roedores; Ecologia; Mudanças climáticas; Yersinia pestis
As pulgas, além de importantes vetores da peste, também podem contribuir para a perpetuação da infecção nos períodos interepizoóticos. A peste, uma zoonose de roedores que pode infectar os humanos, circula em focos naturais em diversas regiões do mundo inclusive no Brasil. O objetivo deste trabalho foi estudar a diversidade e a distribuição espacial das pulgas em três áreas focais de transmissão do estado de Pernambuco localizadas na Chapada do Araripe, Planalto da Borborema e Serra do Triunfo no período de 1966 a 2008. Dados históricos do acervo do Serviço de Referência Nacional de Peste foram analisados com ferramentas de SIG, estatística descritiva, testes não paramétricos e índices ecológicos. Observou-se maior diversidade de pulgas na Serra do Triunfo (1979-1983) e no período pós-epidêmico (1994-2008) de peste na Chapada do Araripe. A Polygenis spp. predominou durante todo o período de estudo e em todos os focos, principalmente no período epidêmico (1966-1980) de peste na Chapada do Araripe, mas houve uma queda significativa de sua abundância no período pós epidêmico, assim como sua associação com o N. lasiurus. Em contrapartida a X. cheopis teve um aumento significativo e permaneceu fortemente associada ao R. rattus. Em todos os focos, com exceção do Planalto da Borborema, houve uma correlação negativa entre a precipitação e a abundância de pulgas, especialmente da espécie Polygenis spp. (rs= -0,71; p < 0,01) que se correlacionou positivamente com os casos humanos na Chapada do Araripe (rs= 0,91; p < 0,01). A maioria das pulgas infectadas foi registrada no município de Exu e a P. irritans teve maior prevalência de infecção (18%; 83/461).