ELABORAÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE MICROVÍDEOS
EDUCACIONAIS PARA A PROMOÇÃO DA AUTOEFICÁCIA EM SAÚDE
SEXUAL E REPRODUTIVA DE ADOLESCENTES SURDOS
Tecnologia educacional; Saúde Sexual; Saúde Reprodutiva; Adolescente; Surdez; Educação em saúde; Enfermagem.
No Brasil, o aumento das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das gestações não planejadas entre adolescentes configura um importante problema de saúde pública. Esse cenário torna-se ainda mais preocupante quando se consideram os adolescentes surdos, que enfrentam barreiras significativas de comunicação e acesso à informação em saúde. Diante disso, torna-se urgente o desenvolvimento de propostas educacionais acessíveis que abordem questões de saúde sexual e reprodutiva, adaptadas à Língua
Brasileira de Sinais (Libras) e veiculadas em plataformas atrativas para esse público. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo elaborar, validar e avaliar microvídeos educacionais voltados à promoção da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes surdos, utilizando plataformas de compartilhamento de vídeos curtos. Trata-se de um estudo metodológico, do tipo elaboração, validação e avaliação de material educativo em saúde, desenvolvido em duas etapas principais: (1) elaboração dos microvídeos e (2) validação com juízes e avaliação com o público-alvo. O percurso metodológico seguido baseou-se nos estudos de Susan Fleming, sistematizados em três fases: pré-produção, produção e pós-produção. Na fase de pré-produção, foram definidos os temas relevantes à educação sexual e reprodutiva de adolescentes surdos, com a construção da sinopse, do argumento e do roteiro. Na fase de produção, os microvídeos foram elaborados por uma equipe especializada em produção audiovisual, utilizando a técnica de animação em 3D. A etapa de validação contemplou a análise de conteúdo e de aparência, realizadas por juízes. A avaliação semântica foi conduzida junto ao público-alvo. As variáveis sociodemográficas foram analisadas por meio de frequências absolutas e relativas, bem como por medidas de tendência central e dispersão. Para a validação de conteúdo, utilizou-se o Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde, com o cálculo do Índice de Validade de Conteúdo (IVC) por item e do IVC total, obtido pela média dos índices individuais. Adicionalmente, foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach, a fim de verificar a consistência interna dos itens avaliados. Para a validação de aparência, utilizou-se o Instrumento de Validação de Aparência de Tecnologia Educacional em Saúde, cujos dados foram analisados por meio de frequências absolutas e percentuais. O Índice de Validação de Aparência (IVA) foi calculado considerando como respostas positivas as opções “4 – Concordo parcialmente” e “5 – Concordo totalmente”. O nível mínimo de concordância estipulado foi de 80%. A avaliação semântica os adolescentes surdos foram questionados quanto à relevância e à adequação do material, com o objetivo de verificar sua compreensão e pertinência. Para tanto, utilizou-se o instrumento validado e adaptado DISABKIDS. A coleta de dados ocorreu após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco. O IVC total obtido foi de 0,891, com todos os itens apresentando IVC superior a 0,80. Quanto ao IVATES, todos os itens obtiveram IVA superior a 0,70. Na avaliação semântica, os 12 adolescentes surdos participantes consideraram, de forma geral, que os vídeos eram “muito bons”; 100% dos entrevistados avaliaram os temas abordados como importantes para o esclarecimento de questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva. Em relação à compreensão das cenas, 66,7% afirmaram não ter tido dificuldades, enquanto três participantes relataram alguma dificuldade. A tecnologia educacional desenvolvida foi, portanto, considerada válida pelos juízes e positivamente avaliada pelos adolescentes surdos. Para o enfermeiro, o uso de tecnologias educacionais validadas cientificamente e fundamentadas em referenciais teóricos sólidos é fundamental para a promoção de saúde. Recomenda-se a continuidade do estudo, com o intuito de verificar a efetividade da tecnologia na promoção da autoeficácia em saúde sexual e reprodutiva entre adolescentes surdos.