Desenvolvimento de uma cartilha educacional digital efetiva sobre saúde LGBT+ no
conhecimento e competências de enfermeiros da atenção primária
Educação em Enfermagem; Minorias Sexuais e de Gênero; Promoção da Saúde; Tecnologia Educacional; LGBTfobia.
Preconceitos e estigmas, aliada à falta ou insuficiência de conhecimento sobre as especificidades de saúde e da sensibilidade às necessidades das pessoas de minorias sexuais e de gênero, pode acarretar na dificuldade de acesso e acolhimento nos serviços de saúde, na prestação de cuidados em saúde ineficientes e na exclusão social delas. Os serviços primários de saúde podem se configurar como espaços de acolhimento e práticas integrais, de inclusão social e de saúde, por meio da disponibilização de informações e da sensibilização sobre saúde de pessoas da diversidade sexual e de gênero para os enfermeiros, profissionais que ocupam lugar estratégico no cuidado à saúde da população. As tecnologias educacionais, dentre as quais a cartilha, são ferramentas que podem auxiliar nas ações de educação permanente dos enfermeiros, além de auxilia-los na elaboração de estratégias de educação em saúde e de cuidados longitudinais junto à equipe de saúde voltados às pessoas da diversidade sexual e de gênero. Objetivou-se avaliar a efetividade de uma cartilha educacional sobre saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e outras identidade de gênero e ou orientação sexual no conhecimento e competências de enfermeiros da atenção primária à saúde. Trata-se de um estudo multimétodo desenvolvido em Unidades de Saúde da Família do Distrito Sanitário IV, o mais populoso do Município do Recife, em Pernambuco e também local de prática em saúde e projetos de extensão da Universidade Federal de Pernambuco . Realizou-se em duas etapas: estudo metodológico com o desenvolvimento da cartilha educacional, validação do conteúdo e aparência com juízes especialistas e avaliação semântica com o público-alvo; e estudo quase-experimental com avaliação do escore de conhecimento e competências de enfermeiros antes e depois da intervenção com a cartilha. O desenvolvimento da cartilha foi guiado pelo referencial para construção de Material Educativo em Saúde e do referencial teórico da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Leininger. A cartilha foi validada por 22 juízes especialistas que obteve o Índice de Validade de Conteúdo Global de validação de conteúdo, aparência e avaliação semântica de 0,97; 0,98 e 1,00; respectivamente. O estudo quase experimental foi realizado com 26 enfermeiros que compõem Equipes de Saúde da Família. A intervenção com a cartilha aconteceu de forma presencial. Para comparação das médias dos escores de conhecimento e competência no cuidado à saúde de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais nos três momentos de aplicação do Instrumento Avaliativo de Competências no cuidado à saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais nos três domínios: Identidade de Gênero, Orientação Sexual e Assistência à Saúde, utilizou-se o teste T de Student. Para o domínio Identidade de Gênero, a média no pré-tese foi de 6,66 (±1,56) pontos (p < 0,001); no pós-teste imediato passou a ser 8,84 (± 0,98) (p< 0,001); e, no pós-teste após 30 dias da intervenção, foi 8,74 (±0,94) (p=0,267). Para o domínio Orientação Sexual, a média no pré-tese foi de 6,86 (±1,84) pontos (p < 0,001); no pós-teste imediato passou a ser 8,90 (± 1,01) (p< 0,001); e, no pós-teste após 30 dias da intervenção, foi 8,61 (±1,02) (p=0,030). Para o domínio Assistência à Saúde, a média no pré-tese foi de 6,72 (±2,15) pontos (p < 0,001); no pós-teste imediato passou a ser 9,14 (± 0,95) (p< 0,001); e, no pós-teste após 30 dias da intervenção, foi 8,74 (±1,17) (p=0,006). A cartilha educacional mostrou-se efetiva quanto ao aumento no conhecimento e competências de enfermeiros da atenção primária à saúde sobre saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, e pode se configurar como um recurso auxiliar na capacitação de profissionais de saúde da atenção primária, podendo ser utilizada de maneira autônoma ou com a mediação de profissionais da educação permanente em saúde e por profissionais que assistem as pessoas LGBT+ nos serviços de referência LGBT+ do Recife, a fim de desenvolver a promoção da saúde de pessoas da diversidade sexual e de gênero.