ESTUDO DE PRÉ-FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE FORMA FARMACÊUTICA SÓLIDA DE USO ORAL À BASE DE PIPLARTINA
Piper tuberculatum; Fitofármaco; Desenvolvimento de medicamentos; Comprimidos.
A esquistossomose é um grave problema de saúde pública em países em desenvolvimento, com o praziquantel sendo a única terapêutica disponível há décadas. Neste contexto, a piplartina (PPT), um alcaloide/amida isolado de espécies do gênero Piper, surge como um candidato a fitofármaco promissor por conta de sua atividade esquistossomicida relatada em diversos estudos. Assim, este trabalho teve como objetivo desenvolver uma forma farmacêutica sólida oral à base de PPT. Inicialmente, a PPT foi obtida a partir de raízes de Piper tuberculatum e caracterizada por técnicas de Espectrometria no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), Termogravimetria (TG) e Calorimetria Exploratória Diferencial DSC. Os estudos de compatibilidade com nove excipientes farmacêuticos (Aerosil®, amido de milho, amido glicolato de sódio, benzoato de sódio, celulose microcristalina, croscarmelose sódica, estearato de magnésio, hidroxipropilmetilcelulose e polivinilpirrolidona K-30 foram realizados através das mesmas técnicas. Os comprimidos foram obtidos por granulação úmida, tiveram peso médio, dureza, friabilidade, tempo de desintegração, teor e perfil de dissolução avaliados. Além disso, a solubilidade da PPT também foi avaliada. Os estudos de compatibilidade não evidenciaram interações químicas significativas entre os excipientes e a PPT. A formulação foi composta por PPT, celulose microcristalina, de amido glicolato de sódio, de PVP K-30, estearato de magnésio e Aerosil®. A granulação mostrou-se crucial para superar as limitações de fluxo da mistura em pó, resultando em grânulos com excelentes propriedades reológicas. Os comprimidos obtidos apresentaram características físico mecânicas adequadas: peso médio de 145,1 mg, dureza de 48,34 N, friabilidade de 0,155% e tempo de desintegração inferior a 8 minutos. O doseamento por espectrofotometria UV revelou teor de 72,79% do valor declarado, possivelmente devido a perdas durante as etapas de processamento. Os estudos de solubilidade demonstraram a baixa solubilidade intrínseca da PPT em todos os meios testados. Os ensaios de dissolução in vitro revelaram que os comprimidos tiveram uma liberação significativamente superior à da PPT isolada, atingindo mais de 90% de liberação em pH 6,8. Assim, os resultados obtidos demonstram o desenvolvimento tecnológico de uma forma farmacêutica contendo PPT, superando suas limitações de solubilidade e fluidez, o que a configura como uma alternativa terapêutica promissora e fundamenta futuros estudos.