Desenvolvimento de Sistemas Nanoestruturados à Base de Goma de Cajueiro Acetilada para a Liberação Entérica do AINE Naproxeno
Anacardium occidentale L.; Design Plackett-Burman; Nanopartículas poliméricas; Naproxeno.
O naproxeno (NPX), pertencente à classe dos Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs), é amplamente reconhecido por sua natureza não seletiva. Ele oferece benefícios comprovados como analgésico, anti-inflamatório e antipirético. Embora seja um medicamento comumente receitado, ele está associado a danos no estômago e no intestino com uma frequência significativa. Esses efeitos colaterais podem variar desde irritação leve até complicações mais sérias, como úlceras ou sangramento gastrointestinal. Nesse cenário, nanopartículas poliméricas (NPs) surgiram como uma abordagem promissora para contornar os desafios relacionados aos efeitos adversos dos fármacos. Elas oferecem uma série de vantagens, incluindo maior precisão no direcionamento do medicamento para o local de ação, redução da toxicidade sistêmica e prolongamento da duração da atividade terapêutica. Nesse contexto, biopolímeros como a goma do cajueiro, têm sido modificados para diversos propósitos, aproveitando essas vantagens. Diante disso, este trabalho possui como objetivo identificar e compreender os elementos que influenciam as propriedades das nanopartículas de goma do cajueiro acetilada, destinadas ao carregamento do naproxeno (NPs-NPX). A acetilação da goma do cajueiro (GCA) foi bem-sucedida, conforme indicado pelos resultados satisfatórios obtidos por FTIR, TG e DRX. O NPX foi encapsulado de forma eficiente em nanopartículas de GCA. As nanopartículas foram sintetizadas através do método de nanoprecipitação, empregando um design de Plackett-Burman (PBD). A triagem PBD foi montada com oito formulações, envolvendo quatro variáveis independentes, quantidade de polímero (X1), quantidade de fármaco (X2), volume de fase aquosa (X3) e volume de fase orgânica (X4). As respostas selecionadas foram tamanho de partícula (Y1), índice de polidispersão (PDI) (Y2), o Potencial Zeta (Y3), eficiência de associação (AE) (Y4) e capacidade de carga (DL) (Y5). Através da análise estatística dos resultados, foi possível identificar os fatores mais influentes e compreender seus efeitos sobre as formulações. Isso nos permitiu desenvolver uma plataforma promissora para a liberação entérica do NPX. As NP-GCA-NPX apresentaram tamanhos entre 141,2-172,3 nm, PDI 0,5-0,1, potencial zeta -30,8- -37,7 mV, eficiência de encapsulação 92,0-97,0 % e DL 26,0-38,0 %. As NP-GCA-NPX apresentaram estabilidade coloidal, preservando o tamanho e a distribuição de partículas ao longo de 100 dias. Além disso, seu perfil de liberação foi avaliado. A análise por AFM revelou que as NP-NPX possuem morfologia esférica e superfície lisa. Foi observado que a NP-ACG e a NP-GCA-NPX não tiveram efeito significativo na viabilidade celular (RAW 264,7), verificando sua biocompatibilidade. O tratamento in vivo com NP-GCA-NPX não causou toxicidade, sem alterações na massa corporal e consumo de água. As análises histopatológicas dos órgãos (fígado, baço, rim e pulmão) não detectaram efeitos adversos. Os perfis bioquímicos e hematológicos permaneceram quase inalterados, com exceção de uma leve alteração nos leucócitos e plaquetas nos grupos contendo NPX na formulação. Além disso, a NP-GCA-NPX ajudou a reduzir os índices de dano gástrico causados pelo NPX. Dessa forma, com base nos resultados obtidos, a NP-GCA-NPX apresentou um grande potencial como sistemas terapêuticos.