FREQUÊNCIA DE FIBROMIALGIA EM PACIENTES COM ESCLEROSE SISTÊMICA E IMPACTO DO DUPLO DIAGNÓSTICO NAS CARACTERÍSTICAS DA DOR E INCAPACIDADE: ESTUDO TRANSVERSAL
esclerose sistêmica, esclerodermia, fibromialgia, dor, incapacidade
A esclerose sistêmica (ES) é uma doença autoimune rara do tecido conjuntivo e afeta principalmente a pele e diversos órgãos internos. Está associada a alta morbidade e mortalidade, gerando dor e incapacidade funcional na realização de atividades cotidianas. A fibromialgia (FM) é uma patologia que se caracteriza por apresentar dor difusa, fadiga, sono não reparador, além de déficits cognitivos, e pode acompanhar diversas condições reumatológicas, influenciando o prognóstico do paciente. Ainda não está claro o impacto da FM nas características da dor e incapacidade em pacientes com ES. Assim sendo, o objetivo principal deste estudo foi avaliar a frequência de fibromialgia em pacientes com esclerose sistêmica e comparar as características da dor e incapacidade em pacientes com e sem o duplo diagnóstico. Trata-se de um estudo transversal desenvolvido no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco com indivíduos de ambos os sexos, diagnosticados com esclerose sistêmica, com idade entre 18 e 65 anos e com capacidade de compreender e responder perguntas. Os critérios de exclusão foram gravidez, diagnóstico de malignidade, déficit cognitivo que impossibilitasse a compreensão dos questionários e cirurgia nos seis meses anteriores à inclusão. Os seguintes instrumentos foram utilizados: para diagnóstico da FM, os critérios revisados do American College of Rheumatology 2016; dor, através do Mc Gill Pain Questionnaire (MPQ); incapacidade, pelo Scleroderma Health Assessment Questionnaire (SHAQ). Os dados foram analisados usando o programa GraphPad Prism, adotando o nível de significância de p<0,05. Foram avaliados 61 indivíduos, com média de idade de 47,7 anos. 26% da amostra preencheram os critérios diagnósticos para FM. O índice de dor apresentou uma forte correlação (r=0,7; p=0,0033) com o valor do SHAQ no grupo ES+FM. Além disso, esse grupo apresentou maiores valores em relação ao número de descritores, intensidade atual de dor e incapacidade física (p=0,02; p=0,02; p<0,0001, respectivamente). Pacientes com ES apresentaram uma alta frequência de fibromialgia. Além disso, indivíduos diagnosticados com ES e que preencheram os critérios diagnósticos da FM exibiram piores resultados em relação à dor e incapacidade física. Também neste grupo, houve uma maior frequência de hipertensão arterial sistêmica e um índice de massa corporal mais elevado. No que diz respeito ao MPQ, o grupo ES+FM apresentou maior quantitativo de descritores e um valor mais alto no componente afetivo-motivacional.