MASCULINIDADES ENTRE AMORES: AS NARRATIVAS DE HOMENS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE SOBRE O AMOR
Homens; Masculinidades; Amor; Interseccionalidade.
Este trabalho buscou compreender as narrativas de homens da Região Metropolitana do Recife (RMR) sobre o amor, no campo das masculinidades. Teve como objetivo geral analisar os desafios e possibilidades de aproximação à uma ética amorosa, entre as dinâmicas de amar e ser amado. Como objetivos específicos: 1) compreender os significados atribuídos ao amor por homens da RMR; (2). Analisar, numa perspectiva interseccional, quais marcadores sociais desafiaram ou possibilitaram a aproximação de homens da RMR com uma ética amorosa. A investigação foi orientada epistemologicamente pela interseccionalidade, conceito oriundo do feminismo negro, e pela decolonialidade, alinhando-se, portanto, as discussões sobre as estruturas de opressão e resistência que perpassam os afetos e os modos de subjetivação. Ancorada na abordagem qualitativa, utilizou como instrumento para a construção de dados entrevistas semiestruturadas com o apoio de dispositivos expressivos (imagens de revista, fotografias e mapas). Elas ocorreram de forma presencial e foram realizadas em três momentos de forma individual com cada um dos três homens cisgêneros autodeclarados negros (pardos), de diferentes orientações sexuais, com idades entre 32 e 54 anos e residentes da RMR. Os dados foram analisados a partir da análise temática e guiada pela interseccionalidade. A partir disso, surgiram três eixos de discussão: amor e corporalidade, os tipos de vínculos amorosos, e as outras vias de acesso para o amor. Os resultados apontaram sentidos sobre o amor envolvendo diferentes contextos, como a paternidade, o amor romântico, o amor-próprio e a espiritualidade. Evidenciou-se o impacto do cisheteropatriarcado como barreira para demonstração de afetos, incluindo a forma de lidar com traumas e frustrações. O capitalismo, o racismo e a homofobia ofereceram entraves para os homens sentirem-se amados e amar em alguns momentos de suas trajetórias de vida, considerando principalmente a intersecção entre a orientação sexual, os marcadores raciais, e a classe de cada um. Contudo, relações e ambientes amorosos abriram vias alternativas, conferindo possibilidades de experiências mais próximas de uma ética amorosa.