FRUTOS DA EXPLORAÇÃO: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO
NA FRUTICULTURA IRRIGADA DO VALE DO SÃO FRANCISCO
questão agrária; fruticultura irrigada; exploração da força de trabalho;
modernização conservadora; Vale do São Francisco; agronegócio exportador.
O presente trabalho tem como objetivo analisar as transformações nas relações de trabalho no
setor agroexportador a partir do avanço da fruticultura irrigada no Submédio do Vale do São
Francisco, com ênfase na Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) Petrolina/Juazeiro. A
pesquisa parte da compreensão de que, para analisar criticamente as dinâmicas
socioeconômicas e trabalhistas que caracterizam essa região, é imprescindível recuperar o
processo histórico da questão agrária no Brasil e no Nordeste, marcado pela concentração
fundiária, exclusão social e exploração da força de trabalho. Nesse contexto, investiga-se como
o modelo de modernização conservadora do campo brasileiro, impulsionado por políticas
estatais, aprofundou desigualdades estruturais ao privilegiar grandes proprietários e grupos
empresariais, marginalizando os pequenos produtores e precarizando as condições de trabalho
rural. A partir de uma abordagem crítica, que articula revisão bibliográfica e análise de dados
secundários, busca-se compreender as contradições entre o crescimento econômico
impulsionado pelo agronegócio exportador e os impactos sociais, e trabalhistas observados na
região estudada. Conclui-se que, embora a fruticultura irrigada tenha promovido geração de
empregos e incremento das exportações, ela se insere em um modelo de desenvolvimento
excludente e insustentável, que aprofunda a exploração da força de trabalho e a concentração
de recursos, comprometendo a efetivação da justiça social, da soberania alimentar no semiárido
nordestino..