Taxonomia integrativa de camaroes-de-estalo do genero Synalpheus Spence Bate, 1888 (Decapoda: Alpheidae) do Nordeste do Brasil
Camarões carídeos. Arquipélago de Fernando de Noronha. Gene 16S. Gene COI. Novos registros. Camarões associados a esponja.
Os camarões-de-estalo do Synalpheus formm um dos grupos mais numericamente abundantes e taxonomicamente diversos a habitar recifes de coral ao redor do mundo. Grande parte de sua diversidade conhecida encontra-se no Mar do Caribe, onde uma série de estudos sobre o grupo vem sendo realizados ao longo das últimas décadas. No Brasil, estudos sobre o gênero iniciaram com Spence Bate (1888), passando por vários outros. Uma série de estudos aponta a necessidade de revisão taxonômica em alguns grupos problemáticos, muito devido ao conjunto de espécies crípticas no gênero. A presente tese está dividida em três capítulos que tem por objetivo revisar a sistemática de camarões do gênero Synalpheus no litoral do Nordeste do Brasil. No primeiro capítulo, que objetivou elaborar um checklist com as espécies de Synalpheus no Nordeste do Brasil. um total de 1010 indivíduos de 26 espécies foram analisadas, havendo seis novos registro para o Atlântico Sul Ocidental (S. barahonensis, S. belizensis, S. brevidactylus, S. corallinus, S. hoetjesi e S. kensleyi) e treze extensões de distribuição/novos registros (S. agelas, S. androsi, S. antillensis, S. dardeaui, S. fritzmuelleri, S. hemphilli, S. herricki, S. pandionis, S. ruetzleri, S. tenuispina, S. townsendi, S. ubatuba e S. yano) para a região, bem como a exclusão de registros duvidosos (S. filidigitus, S. longicarpus, S. paraneptunus e S. rathbunae). Com isso, a diversidade conhecida de Synalpheus para a região Nordeste passou de 27 para 29 espécies, enquanto a do Brasil foi de 29 para 31 espécies. No segundo capítulo, duas novas espécies de Synalpheus foram descritas baseadas em dados morfológicos e moleculares (gene 16S). Synalpheus sp. nov. 1 é morfologicamente semelhante a S. herricki, com uma diferenciação molecular de 0,05 entre ambas, enquanto Synalpheus sp. nov. 2 é similar morfologicamente a S. ruetzleri, com uma diferenciação molecular de 0,04—0,05 entre ambas espécies. O terceiro capítulo visou avaliar o grau de estruturação populacional entre populações de S. hoetjesi do Brasil e do Mar do Caribe, onde as análises de Máxima Verossimilhança, número, rede e diversidade haplotípicas, diversidade nucleotídica e variação genética usando o gente COI, mostraram distinção entre ambas populações. Os resultados desse estudo mostram a importância de abordagens integrativas para estudos sistemáticos e taxonômicos dentro do gênero.