Floral traits evolution and pollination systems in Fridericia s.str. (Bignoniaceae)
Coevolução; Database; Evolução morfológica; Liana; Neotrópicos; Revisão
Bignoniaceae reúne elevada diversidade floral, desempenhando papel central nas interações planta–polinizador em ecossistemas neotropicais. Esta tese investigou essas relações em duas escalas: (i) uma síntese cientométrica sobre estudos de ecologia e polinização da família e (ii) uma análise macroevolutiva do clado Fridericia s.str. O levantamento bibliográfico revelou que grande parte das informações sobre polinizadores permanece dispersa em floras e trabalhos taxonômicos, com concentração de estudos no Brasil e em poucos grupos, enquanto lacunas persistem em regiões como o Paleotrópico e no dossel amazônico. Apesar de coerentes com as síndromes clássicas, há assimetrias geográficas e escassez de testes empíricos padronizados para espécies do grupo. Reconstruções filogenéticas calibradas para Fridericia s.str. indicam origem no Mioceno (~12,7 Ma) e divergência em dois grupos contrastantes. O primeiro manteve morfologia floral estável, com síndrome melitófila. O segundo passou por diversas mudanças na forma e cor do cálice, curvatura e coloração da corola, no surgimento ou perda de guias de néctar e transições entre síndromes melitófila, psicófila e ornitófila. Essas transformações, concentradas do Mioceno ao Pleistoceno, coincidem com mudanças climáticas e diversificação de polinizadores como abelhas e beija-flores. Os resultados revelam trajetórias evolutivas assimétricas: um grupo sob seleção estabilizadora e outro marcado por experimentação morfológica. Em conjunto, reforçam o valor heurístico das síndromes de polinização, mas também seus limites diante de convergências, ressaltando a necessidade de estudos empíricos integrados entre filogenia, ecologia e história natural.