ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: A PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO
PRIMÁRIA E VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE – PE.
Violência; Assédio moral; Processo de Trabalho em Saúde
A dissertação investiga a percepção de profissionais da Atenção Primária e da Vigilância em
Saúde do município de Camaragibe–PE sobre o assédio moral no trabalho, reconhecendo
que essa forma de violência é frequentemente naturalizada e difícil de ser identificada até
pelas próprias vítimas. O estudo destaca que o ambiente de saúde, marcado por sobrecarga,
contato intenso com o público e relações hierárquicas rígidas, é especialmente propenso a
episódios de humilhação, constrangimento e intimidação. Com abordagem qualitativa e
caráter exploratório, participaram 87 profissionais de diferentes categorias, que
responderam a três perguntas abertas sobre ocorrência, causas e consequências do assédio
moral. A análise dos dados combinou técnicas de análise lexical pelo software IRAMUTEQ e
análise de conteúdo temática, permitindo identificar padrões e sentidos nas falas dos
trabalhadores. Os resultados revelam que o assédio moral é recorrente no cotidiano de
trabalho e se manifesta principalmente por atitudes de humilhação pública, cobranças
excessivas, perseguições, isolamento, gritos e desvalorização profissional, praticados tanto
por chefias quanto por colegas. Entre as causas mais mencionadas estão conflitos
interpessoais, abuso de poder, autoritarismo, precarização dos vínculos, favoritismos, falha
na comunicação e preconceitos de gênero, raça e orientação sexual. Quanto às
consequências, as profissionais relataram sofrimento emocional, ansiedade, estresse,
depressão, insônia, adoecimento físico, queda na autoestima, desmotivação e síndrome de
burnout, além de prejuízos ao desempenho, aumento do absenteísmo, conflitos entre a
equipe e redução da qualidade do cuidado ao usuário. A pesquisa conclui que o assédio
moral no setor saúde é um fenômeno estrutural, atravessado por fatores organizacionais e
culturais, exigindo a implementação de políticas de prevenção, formação de lideranças,
fortalecimento de canais de denúncia e criação de ambientes laborais mais saudáveis, éticos
e humanizados.