Avaliação das citocinas e da anosmia como potenciais fatores associados à cefaleia persistente pós-COVID-19: um estudo caso controle
Cefaleia persistente pós COVID-19, anosmia, interleucinas
Embora a maioria dos pacientes COVID-19 se recuperem completamente nas
primeiras semanas após o início da infecção, até 87% podem ter sintomas que
persistem além da fase aguda. Cerca de 26% dos que tiveram COVID-19
desenvolvem cefaleia persistente, sendo essa a manifestação neurológica persistente
mais comum desses pacientes. Na fase aguda das infecções as citocinas pro-
inflamatórias se elevam, mas há um controle inibitório para regular o dano quando o
estímulo é eliminado. Dessa maneira, a desregulação entre os níveis de citocinas
pode auxiliar na compreensão dos mecanismos imunológicos associados a
continuidade da cefaleia. Assim, neste estudo, o interesse é comparar se nos
pacientes com cefaleia persistente, os níveis de níveis plasmáticos de Interleucina 6
(IL-6) e Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFα) apresentam-se mais elevados e os
níveis de Interleucina 10 (IL-10) reduzidos em comparação aqueles em que a cefaleia
não persistiu. Além disso, foram avaliados se há diferenças entre os grupos em
relação a alterações de olfato através do Teste de Identificação de Olfato da
Universidade da Pensilvânia (UPSIT), impacto da cefaleia através do Headache
Impact Test (HIT6) e níveis de ansiedade e depressão utilizando a escala The Hospital
Anxiety and Depression Scale (HADS). Este é um estudo caso-controle com 60
participantes de um coorte prospectivo. Os casos (n=20) foram pacientes que
permaneciam com cefaleia após 2 anos da infecção. Os controles (n=40) foram
pacientes nos quais cefaleia não persistiu além na fase aguda da doença. Os
resultados mostraram que a cefaleia persistente pós-Covid apresentou características
similares à migrânea em 80% dos casos, apresentando pontuações mais altas para
ansiedade e depressão (p<0,001) e alto impacto funcional da cefaleia através do HIT6
no grupo caso (65,6 pontos ± 5,37) em relação ao controle (45,9 pontos ± 5,67), p <
0,001. Os níveis de IL-6 foram mais elevados no grupo caso (5 pg/ml; 3,48-9,18; p <
0,001) assim como os níveis de IL-10 (5,14 pg/ml; 4,86-5,36; p = 0,002). Não houve
diferenças entre as pontuações de olfato entre os grupos (p=0,574).