Banca de QUALIFICAÇÃO: MOARA RODRIGUES COSTA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MOARA RODRIGUES COSTA
DATA : 28/10/2022
LOCAL: Posneuro
TÍTULO:

ÁCIDOS ANACÁRDICOS COMO POTENCIAIS AGENTES ANTI-INFLAMATÓRIOS EM MODELOS IN VITRO DA DOENÇA DE PARKINSON: ANÁLISE DE MECANISMOS MOLECULARES, BIOQUÍMICOS E EPIGENÉTICOS


PALAVRAS-CHAVES:

ÁCIDOS ANACÁRDICOS COMO POTENCIAIS AGENTES ANTI-INFLAMATÓRIOS EM MODELOS IN VITRO DA DOENÇA DE PARKINSON: ANÁLISE DE MECANISMOS MOLECULARES, BIOQUÍMICOS E EPIGENÉTICOS


PÁGINAS: 90
RESUMO:

A Doença de Parkinson (DP), descrita pela primeira vez em 1817 pelo
médico-farmacêutico inglês James Parkinson, é atualmente a segunda doença
neurodegenerativa mais comum no mundo. De etiologia multifatorial, essa “explosão” de
casos diagnosticados de DP se dá não apenas pela susceptibilidade genética e/ou
envelhecimento populacional, mas também por fatores relacionados aos aspectos
socioeconômicos do indivíduo, de seus hábitos alimentares, da prática de exercício
físico, bem como da exposição a poluentes e/ou toxinas ambientais (GOETZ, 2001;
DORSEY et al., 2018; ROCCA, 2018).
De qualidade neuroprogressiva, os indivíduos afetados pela DP podem
apresentar diferentes queixas a depender da gravidade em que se encontra a doença.
Os sintomas não-motores, geralmente de aparecimento precoce, podem incluir
distúrbios na qualidade do sono, anosmia, depressão e constipação intestinal. Já os
sintomas motores, de aparecimento tardio e mais comumente considerados no
diagnóstico clínico, incluem a bradicinesia, o tremor em repouso e rigidez muscular
(BRAAK et al., 2004; KALIA & LANG, 2016; OBESO et al., 2017). Evidências diversas
sugerem que o início e progressão da DP, bem como de seus sintomas motores e
não-motores, está diretamente relacionada a dois eventos reconhecidos como principais
biomarcadores da doença, isso é, a morte progressiva de neurônios dopaminérgicos
(DA) na substantia nigra pars compacta (SNpc), e o acumúlo e transporte de agregados
intracitoplasmáticos de α-sinucleína conhecidos como Corpos de Lewy (CLs), dentro ou
fora do sistema nervoso central (OBESO et al., 2017; SCHAPIRA et al., 2017; PAVLOU
et al., 2017).
Dados epidemiológicos e de diferentes modelos experimentais da DP
demonstraram que a exposição à neurotoxina Rotenona – pesticida largamente utilizado
na prática agrícola – é capaz de induzir déficits motores e comportamentais típicos do
parkinsonismo (ex.: locomoção comprometida em moscas Drosophila melanogaster
modelo de DP), além de perturbar a homeostase celular através de mecanismos
celulares, moleculares e bioquímicos sinérgicos, que resultam no acúmulo de CLs, na
disfunção mitocondrial, no estresse oxidativo, na ativação de cascatas inflamatórias e

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apoptóticas e também na desregulação da expressão de vários genes (ANUSHA &
SUMATHI, 2016; DE SOUZA et al., 2018; MEDEIROS-LINARD et al., 2018; AUGUSTO
et al., 2020; INNOS & HICKEY, 2021).
Apesar do crescente número de casos, a DP continua sem cura e o tratamento
farmacológico atual se concentra no alívio dos principais sintomas motores e cognitivos
da doença, não evita a neurodegeneração progressiva e ainda induz o aparecimento de
efeitos colaterais em longo prazo. Nesse sentido, compostos fenólicos ou polifenóis —
produtos naturais do metabolismo secundário de plantas — são amplamente conhecidos
por suas propriedades citoprotetoras e atualmente têm sido investigados como agentes
nutracêuticos e nutrigenômicos capazes de prevenir e/ou aliviar alterações bioquímicas,
celulares e moleculares, bem como comportamentais e cognitivas descritas para
diversas doenças neurodegenerativas, incluindo a DP (ARMSTRONG & OKUN, 2020;
DE ARAUJO et al., 2021; SELVAKUMAR et al., 2020; DEVI et al., 2021;
RODRIGUES-COSTA et al., 2021).
Os Ácidos Anacárdicos (AAs) são polifenois presentes em plantas da família
Anacardiaceae e que podem ser extraídos da fruta e castanha-de-Caju, do pistache e de
folhas de Gingko biloba. Descrições de suas propriedades e uso medicinal remontam à
700 a.C, na medicina antiga ou Ayurveda e, atualmente, é considerado um potencial
agente terapêutico contra diversas doenças devido a seus efeitos antioxidantes,
anti-inflamatórios, anti-tumorais e epigenéticos (HAMAD & MOBOFU, 2015, HUNDT et
al., 2015, DE SOUZA et al., 2018; PARK et al., 2018, GOMES JÚNIOR et al., 2020). Em
modelos experimentais in vitro e in vivo da DP, verificou-se que o tratamento com AA foi
capaz de proteger a cognição e prevenir danos provocados pela exposição a pesticidas,
incluindo a rotenona, ao reduzir efeitos de estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e
neurodegeneração em células dopaminérgicas (SONG et al., 2011;;
MEDEIROS-LINARD et al., 2018; AUGUSTO et al., 2020); contudo, mecanismos
celulares e moleculares pelos quais essas ações promovidas pelo tratamento com AAs
ocorreram ainda precisam ser elucidados.
Sabe-se que inflamação relacionada à patologia da DP envolve ativação de
microglia e astrócitos, os quais respondem a esses estímulos inflamatórios produzindo
mediadores que levam à perda de neurônios dopaminérgicos. A neuroinflamação

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induzida pela ativação microglial causa ativação do fator de transcrição gênica NF-kB, o
qual pode induzir a expressão de moléculas com perfil inflamatório e citotóxico, dentre
os quais microRNAs inflamatórios ou inflamma microRNAs (BRITES, 2020). Evidências
recentes demonstraram que a liberação de exossomas a partir da microglia ativada
também contribui para a degeneração de células dopaminérgicas. Estes exossomas
além de transportarem lipídios, proteínas e mRNAs, são enriquecidos também
microRNAs (BRITES & FERNANDES, 2015; TSUTSUMI et al., 2019). A captação e
libertação de exossomas pela microglia tem então um importante papel na
neuroinflamação associada a doenças neurofegenerativas e, no cado da DP, a microglia
desempenha fundamental função na transmissão da proteína α-syn (XIA et al., 2019).
Assim, no presente estudo, avaliando uma perspectiva translacional, adotamos
um modelo experimental in vitro de DP com linhagem de células humanas, no intuito de
investigar a participação da interação neurônio-microglia em efeitos anti-inflamatórios e
citoprotetores dos AAs.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - CHRISTINA ALVES PEIXOTO - OUTRA
Externo à Instituição - FILIPE SILVEIRA DUARTE - UFPE
Presidente - 1461329 - SANDRA LOPES DE SOUZA
Notícia cadastrada em: 19/10/2022 10:17
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