Paralisia cerebral experimental: efeitos da suplementação com creatina associada ao treinamento de resistência sobre o desenvolvimento ósseo e do sistema nervoso periférico.
Plasticidade fenotípica.Paralisia cerebral. Exercício Físico. Creatina. Neuroproteção.
Durante a vida útil de mamíferos superiores o sistema nervoso central pode se
adaptar a mudanças no ambiente, por ser uma estrutura altamente plástica. A
paralisia cerebral (PC) compreende condições neurológicas caracterizadas por
anormalidades no movimento, postura corporal e tônus muscular, sendo a atrofia e a
osteoporose duas das principais consequências. Devido ao fato de a descoberta de
mecanismos subjacentes ao efeito anabólico e neuroprotetor, a creatina passou a
ser considerada para o tratamento de doenças neurodegenerativas que apresentam
atrofia muscular e degeneração óssea. Além disso, quando combinado com uma
nutrição adequada, o exercício resistido pode aumentar a força e amassa muscular.
Assim, no presente projeto, avaliamos os efeitos da creatina, associada ou não ao
exercício físico, sobre o desenvolvimento neuromúsculoesquelético em modelo de
paralisia cerebral. Foram utilizados filhotes machos da linhagem Wistar.Os filhotes
foram submetidos a dois episódios de anóxia, no P0 e P1. Do P2 ao P28 foi
realizada a restrição sensório-motora durante 16 horas, e nas 8 horas restantes foi
permitida a livre movimentação do animal. Após o início da suplementação de
creatina (300mg/kg/dia) e do programa de treinamento resistido, os seguintes grupos
foram formados: 1) Controle água não treinado (C-A-NT, n=11); 2) Controle água
treinado (C-A-T, n=11); 3) Controle creatina não treinado (C-CR-NT, n=11); 4)
Controle creatina treinado (C-CR-T, n=11); 5) Paralisia cerebral água não treinado (PC-
A-NT, n=11); 6) Paralisia cerebral água treinado (PC-A-T, n=11); 7) Paralisia cerebral
creatina não treinado (PC-CR-NT, n=11); 8) Paralisia cerebral creatina treinado (PC-
CR-T, n=11). Em seguida, foram avaliados: o peso corporal, o consumo alimentar,
a força muscular máxima, a locomoção avaliada por catwalk, a capacidade de realizar
o treinamento resistido, o peso e comprimento da tíbia e a morfologia do nervo ciático.
Nossos resultados demonstraram que a PC ocasionou: redução do peso corporal no
período pós-natal, diminuição da força muscular máxima, aumento do tempo
necessário para realizar uma série no treinamento resistido e prejuízos na locomoção.
Por outro lado, a suplementação de creatina, nos animais com PC ocasionou
aumento do peso corporal, da força muscular e da área máxima de contato com a
plataforma do catwalk. Ainda, nos animais controle, a suplementação com creatina
aumentou o peso corporal e consumo alimentar. A suplementação de creatina pode
melhorar os danos motores associados à paralisia cerebral principalmente quando
aplicada no período critico do desenvolvimento.