RELAÇÃO DO RITMO CIRCADIANO DE ATIVIDADE-REPOUSO COM A MEMÓRIA E APRENDIZADO DE UNIVERSITÁRIOS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Ritmo Biológico; Cognição; Comportamento; Distanciamento
Social; Sono; Pandemia.
Durante a pandemia da COVID-19, os universitários foram expostos abruptamente ao
ensino remoto, acarretando modificações nos comportamentos diários como a
exposição ao ciclo claro-escuro, ciclo sono-vigília, interação social e atividade física,
que podem repercutir nos processos mnemônicos dos alunos. Assim, objetivou-se
investigar a relação do ritmo circadiano da atividade-repouso com a memória e
aprendizado de universitários durante a pandemia da COVID-19. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFPE (protocolo:
32360720.4.0000.5208) e foi realizado em dois momentos: entre agosto e novembro
de 2020 (n=70); e entre julho e dezembro de 2021 (n=103). Incluiu-se universitários
de ambos os sexos, entre 18 e 30 anos, da Universidade Estadual da Paraíba ou
Universidade Federal de Campina Grande e da Universidade Federal de Pernambuco
ou Universidade de Pernambuco. Utilizou-se os instrumentos: actímetro por 14 dias
para avaliar o ritmo de atividade-repouso; Teste da Figura Complexa de Rey-
Osterrieth para avaliar a memória visuoespacial; Teste de Aprendizagem Auditivo-
Verbal de Rey para memória e aprendizado verbais; Digit Span Test para memória
numérica sequencial; e o Questionário de Matutinidade e Vespertinidade de Horne &
Ostberg para verificar o cronotipo. Analisou-se os dados nos programas Graph Pad
Prism 8.4.2 e R 4.2.3, considerando nível de significância p≤0,05. Os resultados
mostram uma predominância de indivíduos com cronotipo intermediário em ambos os
momentos da pesquisa. A estabilidade interdiária, índice de função circadiana e
potência espectral foram menores em 2021. Entretanto, a memória verbal de curta e
longa duração, a capacidade de aprendizado e a habilidade visuoespacial dos
universitários foram mais eficientes em 2021. Em 2020, verificou-se correlação de
M10, estabilidade interdiária, mesor, amplitude e potência espectral com os dados de
memória numérica sequencial, enquanto em 2021, foi o onset L5, variabilidade
intradiária, e acrofase que apresentaram relação com este subtipo de memória. A
memória verbal em 2020 relacionou-se com a amplitude relativa e variabilidade
intradiária, enquanto em 2021 tal relação ocorreu com os onsets M10 e L5, M10,
estabilidade interdiária, índice de função circadiana, potência espectral, mesor e
acrofase. Quando realizada a regressão, observou-se que a estabilidade interdiária
apresentou predição mais intensa (entre os dados actimétricos analisados) para a
memória de trabalho verbal e interferência proativa em 2021. Portanto, a
sincronização circadiana da atividade-repouso está relacionada às mudanças das
memórias de trabalho e verbal e do aprendizado de universitários. Isto ocorre de
formas distintas durante a pandemia, com maior impacto do sistema de temporização
circadiana na memória e aprendizado durante o ensino híbrido.