VIVÊNCIAS ADVERSAS NA INFÂNCIA RELACIONADAS AO PADRÃO DE CONSUMO DE ÁLCOOL ENTRE UNIVERSITÁRIOS
experiências adversas na infância; consumo de álcool; origem desenvolvimentista da saúde e da doença; universitários.
As experiências adversas na infância podem ser um fator predisponente para o consumo de
álcool na idade adulta. O estudo teve como objetivo analisar as vivências adversas na infância
relacionadas ao padrão de consumo de álcool entre universitários; identificar as vivências
adversas na infância entre universitários; verificar o padrão de consumo de álcool entre os
universitários; relacionar as vivências adversas na infância e o padrão de consumo de álcool
entre os universitários. Tratou-se de um estudo observacional, transversal, analítico com
abordagem quantitativa, realizado com 337 universitários do primeiro ao quarto ano do curso
de medicina da Universidade Federal de Pernambuco no intervalo de junho a agosto de 2023,
através da aplicação do Questionário Internacional de Experiências Adversas na Infância
(ACE-IQ) e do Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT). Os dados foram analisados
por estatística descritiva e inferencial, subsidiada pela Teoria da Origem Desenvolvimentista
da Saúde e da Doença (DOHaD). Os resultados mostraram uma mediana de 21 anos, com
predomínio de homens (52,2%), brancos (53,7%), estudantes (97%) e solteiros (99,1%).A
análise do ACE-IQ evidenciou 306 (90,8%) universitários com múltiplas adversidades na
infância, com predomínio de convivência com membro da família (mãe) tratado com violência
(70,3%), abuso emocional (68,0%), assédio moral (66,8%), violência comunitária (56,1%),
abuso físico (48,4%) e separação dos pais/divórcio ou morte (37,1%). Nas mulheres, o abuso
sexual foi maior em relação aos homens e estes mostraram um percentual maior em relação a
elas de assédio moral; negligência física; violência comunitária; convívio com abusador de
álcool e/ou drogas no domicílio; com alguém cronicamente deprimido/mentalmente
doente/institucionalizado ou suicida. O AUDIT mostrou 271 (80,4%) universitários com uso
de baixo risco. No entanto, 251 (74,5%) consumiam bebidas alcóolicas, 69 (20,5%) referiram
consumo de cinco ou mais doses num dia comum e 37 (11,0%) consumo excessivo pelo menos
uma vez por mês. Os homens apresentaram um padrão de uso de risco mais elevado. Ademais,
o percentual dos universitários com padrão de uso de risco foi maior entre os que sofreram
separação dos pais/divórcio ou morte. Negligência emocional, separação dos pais/divórcio ou
morte e abuso físico aumentaram as chances de consumo de álcool em maior quantidade. Os
dados sinalizam a importância de investigar as vivências adversas na infância e o consumo do
álcool de forma específica com a finalidade de realizar intervenções clínicas precoces.