ESTIMULAÇÃO ACÚSTICA NÃO-PERIÓDICA EM EPILEPSIA
REFRATÁRIA: UMA ABORDAGEM ELETROFISIOLÓGICA
Epilepsia; Acoustic non-periodic stimulation; Redes funcionais cerebrais,
Conectividade funcional.
A epilepsia representa um grande desafio contemporâneo. Aproximadamente um terço dos pacientes
epilépticos são considerados refratários, isto é, são resistentes ao tratamento farmacológico
convencional. Procedimentos invasivos como a cirurgia intracraniana oferecem riscos e nem sempre
são indicados, e quando realizados não garantem sucesso em todos os casos. Nem sempre os
medicamentos possuem igual eficácia conforme o tipo encontrado no paciente. Diante da necessidade
de métodos alternativos para controle de epilepsia, nosso grupo de pesquisa desenvolveu a
Estimulação Acústica Não-Periódica (ANPS). A presente tese apresenta dois experimentos
independentes realizados com o ANPS a fim de avaliar a segurança e a viabilidade desta técnica, além
de analisar as caraterísticas eletrofisiológicas em resposta deste estímulo em pacientes com epilepsia
e controles saudáveis. O experimento 1 buscou avaliar se o ANPS seria uma técnica segura e viável
a nível comportamental (presença de crises convulsivas) e eletrofisiológicas. Por meio de análise
questionários de efeitos adversos e avaliação eletrofisiológica (EEG) em indivíduos com epilepsia
refratária em ambiente hospitalar. Este estudo mostrou que o ANPS não apresentou efeitos advsersos
ou eventos ictais ou interictais avaliados no EEG, e sim uma diminuição das descargas epiletiformes
logo após o uso do ANPS, como também um aumento da entropia de sinais, e alteração da sincronia
avaliadas pelo PLV. Diante desses achados, o ANPS se mostra bem seguro em pacientes com
epilepsia refratária. O experimento 2, buscou avaliar as características eletrofisiológicas do ANPS em
pacientes com epilepsia (grupo experimental – GE) e controles sem epielpsia (grupo controle -GC),
e se esse estímulo causaria o mesmo efeito que um estímulo controle ruído branco (RB). Foram
realizadas avaliações por meio de EEG antes, durante e após o uso do ANPS e RB nos grupos. A
análise foi feita com base na densidade elétrica intracortical (sLORETA) e em índices de redes
funcionais cerebrais (RFCs). O ANPS, mas não o RB apresentou diferença estatística na ativação na
faixa de frequência teta e beta 1 no GE mas não no GC. As áreas de maior ativação foram aquelas da
região frontal e parietal. Na análise de RFC o GE, mas não o GC, apresentaram diferença estatística
durante o uso do ANPS, mas não no RB. Houve alteração na conectividade intra-hemisférica no
hemisfério esquerdo, mais precisamente na região temporal esquerda e frontal. Não foi observada
diferença estatística na conectividade funcional e no índice de hubs nos grupos. Esses achados
sugerem que o ANPS apresentou características eletrofisiológicas distintas do RB, e que os pacientes
com epilepsia respondem de forma diferente ao ANPS quando comparado à indivíduos sem epilepsia.
O ANPS em pacientes com epilepsia promove um aumento atividade de regiões envovidas na via
dorsal, provavelmente devido interferindo na função de localização da fonte sonora. Este estímulo
ainda, apresenta efeitos moduladores sincronia cerebral, sendo que a configuração temporal do
estímulo desempenha um papel preponderante nesse processo.