Confiança nas instituições públicas no Brasil: efeitos da desinformação, polarização, ideologia e religiosidade
Confiança. Instituições. Desinformação. Conspiração. Mídias. Eleições.
A democracia brasileira se encontra em uma crise, havendo uma insatisfação com o seu funcionamento e uma queda da confiança institucional. Após as últimas eleições presidenciais, ocorridas em 2022, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, símbolos da democracia brasileira, foram invadidos, depredados e roubados por uma parcela da população insatisfeita com os resultados das urnas. Por trás de ataques à democracia, estão a emergência de líderes populistas extremistas que se aproveitam de fenômenos desinformativos – desinformação, teorias conspiratórias, fake news, deep fakes – e da facilidade de comunicação proporcionada pelas mídias sociais para semear a desconfiança nas instituições democráticas, acirrar as disputas ideológicas e a polarização afetiva no país. Assim, diante da relevância do tema apresentado e da ausência na literatura de estudos que integrem teorias psicológicas e sociopolíticas para entender que fatores internos – sociodemografia, ideologia política e religiosidade – e externos – desinformação e decisões informacionais – contribuem para a desconfiança nas instituições públicas, este estudo propõe: (1) identificar os fatores que estão relacionados à redução da confiança nas instituições públicas, especificamente se a orientação política tem uma correlação com o nível de confiança nas instituições públicas e com a criticidade na busca de informações; (2) identificar se a orientação política, elemento de divisão social e polarização emocional, está correlacionada à percepção de democraticidade; (3) analisar as variações nas crenças conspiracionistas em função da orientação política, com um foco específico nas mudanças pós-eleitorais, e explorada a dinâmica da polarização política, investigando como os grupos de direita e esquerda podem adotar ou rejeitar diferentes narrativas conspiratórias em contextos específicos, como o período eleitoral; e (4) verificar se a orientação política e religiosa (em escala contínua e categórica) está associada à valorização de critérios informacionais como autoria, reputação da fonte, atualidade, importância, conteúdo e confiabilidade. O estudo classifica-se como quantitativo de levantamento, com delineamento transversal (cross-sectional) com foco correlacional e comparativo entre grupos, sendo os dados coletados por meio de questionário eletrônico.