SARADOS E PRECARIZADOS: o Discurso do Empreendedor de Si e a Precarizacao do Trabalho na Educacao Fisica
Precarização do trabalho. Empreendedor de si. Educação Física. Decolonialidade.
O presente estudo pretende investigar como o discurso do "empreendedor de si" tem moldado e impactado as condições de trabalho de profissionais de Educação Física que atuam na cidade do Recife. Para tanto, tem como objetivocompreender de que maneira o discurso do “empreendedor de si” se relaciona com o fenômeno da precarização do trabalho dos profissionais de Educação Física, a partir de uma perspectiva decolonial que questione os sentidos históricos e políticos dessa lógica. Com isso estabeleço os seguintes objetivos específicos: levantar as formas de vínculo empregatício e de organização do trabalho adotadas pelos profissionais de Educação Física em Recife; identificar a presença e os efeitos do discurso do empreendedorismo no trabalho desses profissionais; caracterizar as condições de trabalho desses profissionais; relacionar as condições de trabalho com as características do trabalho precário. Ancorando-se na teoria decolonial, a pesquisa adotará uma abordagem qualitativa e utilizará a etnografía como metodologia. A etnografia, por meio da observação participante, possibilitará uma imersão no ambiente de trabalho desses profissionais, permitindo observar in loco as interações cotidianas e compreender mais profundamente as dinâmicas de trabalho. A partir de suas reflexões e desdobramentos, este estudo pretende contribuir para o aprofundamento de questões pouco exploradas no campo da Educação Física, bem como aprofundar o debate dos estudos sobre trabalho, na área de estudos organizacionais, além de fomentar o debate político acerca dos rumos da profissão e das possibilidades de enfrentamento do avanço da precarização. A relevância da pesquisa reside na urgência de compreender os efeitos subjetivos e objetivos da precarização contemporânea, bem como os mecanismos discursivos que legitimam a responsabilização individual por condições estruturais adversas, especialmente frente à sua crescente mercantilização e despolitização. O trabalho se justifica pelo avanço da precarização também em profissões de nível superior, que historicamente não sofriam com essa precarização e pelo baixo quantitativo de estudos que tratam dessa realidade na Educação Física, sobretudo com uma abordagem crítica e decolonial.