Entre o Mercado e a Tradicao: A Reconfiguracao do Artesanato como Trabalho, Identidade e Resistencia.
Artesanato; Identidade; Modernidade líquida; Gerencialismo; Resistência cultural
A presente tese tem como objetivo analisar de que maneira as pressões da modernidade líquida e da lógica mercadológica influenciam a identidade dos artesãos em uma comunidade do interior de Pernambuco. Parte-se da constatação de que o artesanato, enquanto prática cultural e forma de trabalho, encontra-se em um campo de tensão entre tradição e mercado, sendo atravessado por dinâmicas que desafiam sua continuidade, autenticidade e sentido social. A investigação busca compreender como os artesãos vivenciam essas transformações e quais estratégias desenvolvem para preservar sua identidade e dar continuidade ao ofício em meio às exigências do capitalismo contemporâneo. O referencial teórico articula contribuições de autores como Bauman (2001), com a noção de modernidade líquida, Giddens (2002), a partir da insegurança ontológica, e Polanyi (2012), com a crítica à separação entre economia e vida social. Também se valem as análises de Canclini (1983), Marquesan e Figueiredo (2014) e Moraes et al. (2020) sobre a mercantilização do trabalho artesanal e o tensionamento entre autenticidade e adaptação às exigências de mercado. A pesquisa adota uma perspectiva crítica, que considera a atividade artesã não apenas como resposta econômica, mas como prática simbólica, expressão identitária e forma de resistência às lógicas do gerencialismo e da produção em massa. O percurso metodológico inscreve-se na abordagem qualitativa, com inspiração no paradigma da complexidade, buscando captar a reconfiguração identitária dos artesãos como fenômeno processual, relacional e situado. A investigação empírica será realizada em uma comunidade do interior de Pernambuco reconhecida por sua tradição artesanal, utilizando como principais técnicas a observação participante e entrevistas em profundidade com artesãos de diferentes gerações. A análise será orientada pela compreensão dos sentidos atribuídos pelos próprios sujeitos ao seu fazer, à sua trajetória e às mudanças nas formas de organização do trabalho. O estudo busca contribuir para os Estudos Organizacionais ao dar visibilidade a formas alternativas de trabalho e de resistência cultural diante da hegemonia do capital.