A TERCEIRIZAÇÃO EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS FEDERAIS E A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: O CASO DOS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
Precarização do trabalho. Terceirização. Universidade Federal. Flexibilidade.
O mundo do trabalho, no decorrer dos séculos tem sofrido diversas influências que impactam diretamente na qualidade do trabalho e da vida do trabalhador. Suas diversas transformações têm ocorrido especialmente após o advento das Revoluções Industriais e da globalização e são resultados de políticas capitalistas de flexibilização das leis trabalhistas, que com a prerrogativa de crescimento econômico, precarizam trabalho e vidas. A terceirização, trazida como estratégia de flexibilização, no cenário brasileiro tem tornado as relações trabalhistas ainda mais frágeis, o que causa insegurança e instabilidade ao trabalhador. No caso do setor público e especificamente das Universidades Públicas Federais, o cenário de precarização não é diferente do setor privado. A presente pesquisa objetiva compreender o trabalho dos terceirizados da Universidade Federal de Roraima - importante instituição de ensino superior da região amazônica, analisando como este trabalho se aproxima ou se distancia das características de trabalho precarizado. A fim de se alcançar esse objetivo foi escolhida a abordagem qualitativa e o estudo de casos como estratégia, no qual a atividade do trabalhador terceirizado servente de limpeza foi selecionado como caso emblemático. Os métodos de coleta de dados seguiram a análise e a observação não-participante. Após o levantamento dos dados seguiu-se a análise de conteúdo de Bardim (2011) com a qual foram analisadas as características do trabalho pesquisado e as seis características de trabalho precário apontadas por Druck (2011) - vulnerabilidade e desigualdade social; intensificação do trabalho; insegurança e saúde no trabalho; perda da identidade; fragilização da organização dos trabalhadores; e condenação do direito do trabalho. O estudo aponta que a atividade terceirizada na UFRR apresenta aproximações com as seis características estudadas e observações de distanciamentos em apenas duas delas: intensificação do trabalho e perda da identidade. Observa-se que os distanciamentos podem ser identificados principalmente na categoria invisibilidade/inferioridade e identificação/comunicação com o grupo. A pesquisa provoca o debate em torno do trabalho precarizado do trabalho, em seu tipo mais velado, o vínculo formal e legalizado da terceirização.