SEJAM BEM-VINDXS AO VALE: Territorialidade afetiva e lazer da comunidade LGBTQIAPN+ no centro do Recife/PE
Território Afeitvo, Lazer, LGBTQIAPN+
O Lazer é um direito fundamental para a manutenção da saúde física, mental e social dos indivíduos, entretanto, nem todos os cidadãos podem desfrutar desse direito de maneira equivalente, grupos minoritários como os LGBTQIAPN+ acabam tendo uma maior dificuldade de acesso a espaços e atividades de lazer por diversos problemas socio econômicos, destacando-se ente eles a exclusão e a violência LGBTfóbica. Essa exclusão acaba obrigando esses indivíduos a encontrar espaços onde sejam aceitos e possam expressar sua individualidade em segurança Estes espaços através da convivência acabam ganhando significância e tornando-se territórios, um espaço seguro onde estas pessoas podem se sentir pertencentes e partilhar experiências e vivências. Estes territórios podem se organizar de diversas formas mas comumente surgem a partir de um espaços periféricos revitalizados por estas comunidades. Essa base periférica permite que estas comunidades se apropriem do espaço com baixa disputa com os grupos dominantes, reduzindo assim o risco de violência e exclusão. Em Recife um destes espaços é o espaço existente entre os cruzamentos com a Rua das Ninfas até o cruzamento com a Rua dos Médicis, espaço tradicionalmente ocupado pela população Queer há décadas e que serve de refúgio pra esta comunidade até os dias de hoje. Durante a execução deste trabalho foi realizado um acompanhamento etnográfico do espaço somado a entrevista com participantes do território que demonstraram que o espaço tem uma importância fundamental pra comunidade Queer da cidade do Recife sendo o único território e referência pra esta população, embora tenham sido apontadas diversas dificuldades ocorrentes no território pela inação do poder público que acaba interferindo com a experiência dos participantes. Entretanto o território se mantém ativo e frequente, sendo qualificado como um local de pertencimento por 85% dos entrevistados. Outros dados demonstram a capacidade do território em oferecer um espaço seguro pra que os indivíduos possam experimentar, expressar e descobrir suas próprias identidades, além de um espaço seguro onde possam buscar relações de afetos sem risco de lgbtfobia. Entre os pontos negativos observados, o aumento da violência, a sensação de fragilidade da comunidade e o abuso de substâncias são apontadas com maior frequência. Assim é possível perceber que o território, mantém sua função de funcionar como um espaço seguro, onde a comunidade Queer pode se relacionar e interagir, mas também sofre com a falta de apoio do poder público.