FUNGOS CAUSADORES DE PODRIDÃO RADICULAR EM MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) E DESENVOLVIMENTO DE INOCULANTE À BASE DE BIOCHAR E Trichoderma koningiopsis URM 8972 PARA SUPRESSÃO DA DOENÇA
Análise filogenética, antagonismo, severidade, atividade enzimática
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma cultura de grande importância mundial. A podridão radicular é uma doença que causa grandes prejuízos e limita a produção de mandioca em todo o Brasil. Diversos patógenos são associados a esta doença, o que dificulta ainda mais o seu controle. O controle químico é inviável para o manejo da podridão radicular devido ao alto custo e baixa eficiência desses produtos em doenças do solo, sendo necessário o estudo de controles alternativos. O presente estudo teve como objetivos isolar e identificar patógenos da podridão radicular da mandioca, confirmar a patogenicidade dos isolados, produzir um bioinoculante a base de biochar e Trichoderma e testar in vivo seus efeitos sobre a severidade de patógenos e a qualidade do solo. Raízes de plantas de mandioca com sintomas de podridão radicular foram coletadas em uma área de plantio de mandioca no município de Garanhuns, Estado de Pernambuco, Brasil. Na mesma área foram coletas amostras de solo de plantas de mandioca assintomáticas. Os patógenos foram identificados com base em análise molecular e a patogenicidade testada em tubérculos e em plantas de mandioca. Cepas de Trichoderma foram testadas quanto a produção da enzima quitinase e antagonismo contra os patógenos da mandioca. O biochar foi produzido a partir de resíduos de fermentação de uva. O bioinoculante foi produzido com a inoculação do biochar com o fungo T. koningiopisis, e posteriormente avaliado no controle de patógenos da podridão radicular em experimento em casa de vegetação. Com base em análise molecular os isolados obtidos de raízes de mandioca foram identificados como: Curvularia sp., Diaporthe ueckeri, Fusarium agrestense, F. gossypinum, F. grosmichelii, F. triseptatum, Macrophomina phaseolina e Neocosmospora falcifomis. Todas as espécies identificadas causaram murcha e amarelecimento nas folhas, e lesões necróticas em tubérculos e manivas de mandioca. Os isolados do solo foram identificados como Trichoderma sp., T. koningiopsis e T. longibrachiatum. As maiores atividades da enzima quitinase foram produzidas por T. koningiopsis URM 8972 e T. longibrachiatum URM 6068, que apresentaram semelhante antagonismo e controle do crescimento micelial dos patógenos. No experimento em casa de vegetação o bioinoculante de biochar e T. koningiopsis URM 8972 reduziu significativamente a severidade da podridão radicular da mandioca causada por Curvularia sp. e F. agrestense, além disso, promoveu resistência e maior crescimento das plantas. Melhora da qualidade do solo foi observada com o bioinoculante, que aumentou os teores de P e K no solo. A combinação de biochar da uva e T. koningiopsis URM 8972 é uma ferramenta promissora para controlar a podridão radicular da mandioca, aumentar o rendimento da cultura de forma sustentável e melhora da fertilidade do solo.