APLICAÇÕES FARMACOLÓGICAS E BIOTECNOLÓGICAS DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE Eugenia uniflora Linn
Anti-inflamatório; Antinociceptivo; Cicatrização; Eugenia uniflora; Gastroproteção; Óleo essencial.
Eugenia uniflora Linn (MYRTACEAE) é uma planta frutífera nativa do Brasil,
conhecida como pitangueira. As folhas dessa espécie têm sido utilizadas na medicina
popular para o tratamento de desordens do trato gastrointestinal e inflamação, no
entanto, não há relatos científicos das atividades gastroprotetora e cicatrizante do óleo
essencial extraído das suas folhas (OEEu). Esse estudo teve como objetivo avaliar os
efeitos antinociceptivo, anti-inflamatório, cicatrizante e gastroprotetor do OEEu. O óleo
essencial foi obtido por hidrodestilação, com rendimento de 1,12±0,06% (p/p). A
análise por Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM)
identificou 17 compostos, que constituem 96,63% dos componentes químicos,
destacando-se a selina-1,3,7(11)-trien-8-ona (33,92%), epóxido de selina-1,3,7(11)-
trien-8-ona (29,31%), germacreno B (8,88%) e (E)-cariofileno (5,62%) como
componentes majoritários. O teste de toxicidade oral aguda com doses de 5, 50, 300 e
2000 mg/kg, não apresentou sinal clínico de toxicidade ou morte nos camundongos,
indicando dose letal mediana (DL 50 ) superior a 2000 mg/kg. O teste de nocicepção
realizado com formalina indicou que o OEEu possui efeito antinociceptivo dose-
dependente, atuando na fase neurogênica (fase 1) e na fase inflamatória (fase 2). O
efeito anti-inflamatório do OEEu foi confirmado utilizando o modelo de edema de pata
induzido por carragenina a 1%, onde os resultados mostraram redução do edema de
forma dose-dependente em todas as doses administradas (50, 100 e 200 mg/kg). O
efeito cicatrizante do OEEu foi demonstrado pela regressão estatisticamente
significativa da área das feridas no grupo tratado com OEEu em comparação aos grupos
controle negativo (solução salina) e positivo (Dersani) ao longo de 14 dias. O efeito
gastroprotetor do OEEu foi avaliado utilizando diferentes modelos experimentais:
Etanol, Etanol/HCl, Indometacina e teste de barreira física. Nas úlceras gástricas
induzidas por etanol, etanol/HCl e Indometacina (Anti-inflamatório Não Esteroide-
AINE), as doses de 50, 100 e 200 mg/kg administradas por via oral demonstraram efeito
gastroprotetor, com destaque para a concentração de 200 mg/kg que reduziu as ulceras
em 92,16%, 93,91% e 95,28%, em relação aos respectivos modelos. Além disso, o teste
de barreira física mostrou que, quando administrado via intraperitoneal, o OEEu
também exibiu efeito gastroprotetor, reduzindo as lesões em 75,68%, indicando sua
capacidade não apenas citoprotetora, mas também sistêmica. Na investigação dos
possíveis mecanismos envolvidos no efeito gastroprotetor do EOEu, os resultados
indicaram envolver diversos mecanismos de ação, com a participação de canais de
potássio dependentes de ATP (K + ATP), compostos sulfidrila, prostaglandina E 2 e dos
receptores α 2 -adrenérgicos. Esses resultados corroboram para o emprego de Eugenia
uniflora na medicina popular destacando seu potencial terapêutico devido aos efeitos
antinociceptivo, anti-inflamatório, gastroprotetor e cicatrizante do OEEu.