O LUGAR DA EDUCAÇÃO NA LUTA POPULAR CAMPONESA:
Epistemologias construídas nas experiências de formação política da Liga dos
Camponeses Pobres (LCP) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Agreste de Pernambuco
Movimentos Sociais Camponeses; Formação Política; Questão Agrária-
Camponesa; Educação Popular; Luta pela Terra.
O programa político dos movimentos sociais camponeses se articulam com as pautas
reivindicativas urgentes, como a luta por educação nas áreas camponesas, assim como reivindicam
e pressionam o Estado por meio dos debates públicos sobre a formulação de políticas que atendam
as reivindicações do campesinato. A origem da perspectiva educacional dos movimentos sociais
está na própria autoformação do campesinato para o fortalecimento da luta pela terra.
A pedagogia existente nas práticas dos movimentos sociais apresenta inúmeras
contribuições para as pedagogias críticas. A origem dessas pedagogias está nas classes populares e
nas suas experiências de autoformação. A experiência educacional na formação militante dos
movimentos sociais coloca a questão do poder na centralidade do debate. O poder que se propõe a
construir é o poder popular em contraposição ao poder das classes dominantes.
Portanto, quando nos referimos às práticas educativas nos movimentos sociais do campo,
temos como perspectiva uma prática com intencionalidade política, humana e social, rompendo
com as práticas colonizadoras. Também se entende que, para os movimentos sociais, as práticas
educativas não estão restritas apenas ao ambiente escolar, mas se fazem presentes no cotidiano da
vida camponesa, estabelecendo uma relação entre a militância, a vida dos/as camponeses/as
(trabalho no campo, juventude, lazer, esportes, etc.) e a organização no movimento social.
Entendemos que é impossível dissociar a educação do processo de luta pela terra nas diferentes
experiências do campesinato brasileiro. Na luta por direitos, os movimentos camponeses
organizados possuem diversas estratégias, práticas sociais e organizativas, assim como
experiências educativas, além de diferentes formas de reivindicação por direitos e processos de
autoformação da militância com o objetivo de fortalecer as organizações que constroem.
Para a fundamentação teórica desta pesquisa, é fundamental resgatar as produções
científicas acerca de autores que investigam a especificidade dos processos formativos e educativos
dos movimentos sociais camponeses. Sendo assim, é indispensável as contribuições de autores/as
como Brandão (2001, 2007, 2016), Caldart (2000, 2001, 2012, 2014), Fanon (2021, 2022), Gohn
(2000, 2010), Lage (2005, 2013) e Marx (1974, 1985). A metodologia utilizada para esta pesquisa
será qualitativa com base em Creswell (2007), de tipo explicativa segundo Gil (2002), utilizando
como ferramentas o diário de campo, entrevistas semiestruturadas e observações participantes.
Definimos como objetivo geral da pesquisa estudar as aproximações, distanciamentos e
articulações que podem existir nas formações políticas em torno da relação entre Luta pela Terra,
Trabalho Camponês e Educação, no âmbito das experiências da Liga dos Camponeses Pobres e do
Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem Terra no Agreste de Pernambuco. Para os objetivos
específicos, definimos os seguintes pontos: identificar as principais aproximações e
distanciamentos entre a formação militante/política da LCP e do MST, no interior de Pernambuco;
Analisar o modo como as formações se articulam com os projetos políticos em torno da tríade Luta
pela Terra, Trabalho Camponês e Educação, no âmbito das experiências da LCP e do MST no
interior de Pernambuco; Analisar a partir do relato dos/as militantes/as da LCP e do MST como as
formações políticas no movimento social transformaram suas percepções sobre a luta pela terra e
os desafios percebidos na ampliação da conscientização dos/as camponeses/as.
Nesse sentido, buscaremos responder que aproximações, distanciamentos e articulações
podem existir entre os projetos e práticas educativas em torno da relação entre Luta pela Terra,
Trabalho Camponês e Educação, no âmbito das experiências dos movimentos LCP e MST no
agreste de Pernambuco?