IYÁ OLÙKÓ: TRAJETÓRIAS EPISTÊMICAS DE MULHERES NEGRAS DOS
TERREIROS E SUAS INFLUÊNCIAS NAS PRÁTICAS DOCENTES ANTIRRACISTAS
Educação; Prática-Docente; Ancestralidade; Étnico-raciais.
Esta tese tem por tema, Iyá Olùkó: trajetórias epistêmicas de mulheres negras dos terreiros e
suas influências nas práticas docentes antirracistas. Estabelecemos aqui de que forma dão-se
os processos de educação pós-colonialistas a partir dos saberes conduzidos, vividos e ensinados
nos terreiros de Candomblé, por mulheres e Iyás negras, em todo trajeto de aprendizados
compartilhados, vividos e experimentados no chão dos terreiros e ampliados para vivências nas
salas de aula e nas práticas dessas mesmas Iyás. Ao dar conta dessas temáticas silenciadas,
tangenciamos a questão que toca na compreensão de como novas políticas públicas para a
educação são viabilizadas e garantidas a partir do histórico de sabedoria advindos dos terreiros
de Candomblé e de sua aplicação em processos de educação formal e informal, como um ganho
para o campo pedagógico mais diverso, inclusivo e acolhedor. Para tanto, seguimos uma
metodologia ancorada na observação das práticas e da tradição da ancestralidade vividas nos
terreiros de candomblé e mencionados nessa pesquisa, ancorada nos estudos pós-coloniais, mais
especificamente, no eixo da decolonialidade, que traz as realidades do Poder, do Ser, do Saber
e da Natureza, que permitirão a visibilidade do que estamos tratando através dos relatos de
vivências com os Orixás nos terreiros e nas observações das práticas docentes de mulheres Iyás
que podem ser classificadas, a contento, como práticas docentes antirracistas. Ver-se-á ainda,
como esses saberes são vivenciados nos terreiros, bem como as formas para que uma atuação
diferenciada nas práticas educativas nas escolas e universidades públicas possam ser
endossadas como atividades bem vindas. Deste modo, o procedimento de nossa pesquisa
caracteriza-se pela forma humanizada com a qual encaramos as relações entre pesquisadores e
contribuintes. Pretende-se com esse estudo, que se compreenda como esse pertencimento aos
terreiros faz a diferença nas práticas docentes antirracistas das Iyás nas escolas e universidades
e quais significados essas mulheres dão à dimensão das vivências no terreiro e na vida
pedagógica, isto é, em seus trabalhos como docentes. Portanto, este trabalho tem, entre seus
objetivos, ser uma proposta de compreensão sobre a forma como as mulheres negras de Axé
podem contribuir com suas práticas docentes antirracistas nas escolas e universidades públicas
para o estabelecimento de políticas públicas educacionais que viabilizem a inserção dessas
práticas enquanto uma pedagogia implementada na educação formal brasileira. Este tese
configura-se também como uma forma de refletir até que ponto podemos repensar as políticas
educacionais nas instituições de ensino, a partir da percepção de como os valores epistêmicos
advindos das realidades das/os subalternizadas/os, especialmente das práticas docentes
antirracistas de mulheres negras de terreiros, podem atuar nas propostas pedagógicas, numa
perspectiva de ampliar as possíveis intervenções nas políticas públicas educacionais nas esferas,
sociais, culturais e religiosas. E, deste modo, reconhecer as contribuições para as relações
étnico-raciais das práticas docentes das mulheres negras de terreiros em escolas e universidades
públicas.