O “LUGAR DA GRAÇA” COMO LUGAR DE MEMÓRIA: UMA ANÁLISE PATRIMONIAL DO SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DA GRAÇA, PESQUEIRA – PE.
Aparições Marianas, Educação Patrimonial, Ensino de História, Lugares de Memória, Devoção.
As aparições de Nossa Senhora da Graça em Cimbres, Pesqueira (PE), em 1936-1937, constituem um fenômeno que ultrapassa os limites da devoção religiosa para inscrever se em uma ocorrência de longa duração característica da história cristã desde a antiguidade que desempenha papel central na construção de crenças, na formação de santuários e na consolidação de identidades religiosas. Os episódios marcados pela narrativa de que a Virgem Maria teria aparecido na Serra do Ororubá e advertido sobre um iminente “castigo” ao Brasil mobilizou não apenas a fé popular, mas também os temores da expansão do comunismo no período e posteriormente. Nesse sentido, por condensar elementos simbólicos, religiosos e políticos que se perpetuam nas práticas culturais e nas representações sociais a partir do devocionismo até os dias atuais, esta devoção e os elementos a ela ligados funcionam com um Lugar de Memória (NORA, 1993). A partir da metodologia da Educação Patrimonial, que permite articular a dimensão do sagrado com os debates sobre memória, identidade e ensino de História, faz se uma análise desse patrimônio cultural, entendido em sua amplitude material e imaterial, de como oferece um campo fértil para problematizar como narrativas locais se inserem em processos mais amplos de construção da história e do imaginário coletivo, revelando as disputas de sentido em torno do passado. Como resultado, a pesquisa apresenta um produto didático na forma de um Caderno do Patrimônio Cultural cujo tema aborda uma das Aparições marianas mais antigas do Brasil, a primeira de Pernambuco.